Holding on
Proibi-me de escrever nos últimos dias.
Impedi-me de o fazer porque tudo o que escrevesse ia ser ridículo, patético, deplorável e indigno.
Ia fazer com que tivesse vergonha de mim própria, com que me detestasse por algum tempo.
E portanto esperei, até estar racional, até a minha mente estar limpa.
Até me sentir matura o suficiente para enfrentar isto da maneira que devo.
Pensei em muita coisa depois de saber a verdade.
Pensei em reter o pouco orgulho que me restava. A pouca dignidade que eu pensava que me restava.
Pensei em lidar com isto como se fosse uma criança.
E acabei por me decidir a crescer, finalmente.
A verdade é que a situação era má. E eu não soube lidar com ela.
Mas ele soube.
E era o fim. Era o fim, mas eu era infantil o suficiente para não querer admitir isso.
Como todas as crianças, pensei em ser eu a pôr o ponto final, apenas para não ficar mal, apenas para manter a réstia de dignidade que acreditava ter. Como todas as crianças, pensei em esfregar-lhe na cara o quão bem eu fingia estar. Como todas as crianças, pensei em magoá-lo da mesma maneira.
Mas no fim, após todos os festivais de autocomiseração, após todas as vinganças engendradas, após toda a vergonha, toda a tristeza, toda a ridicularidade, eu cresci.
Cresci para chegar à conclusão que chegava. E que estava, de facto, no fim.
Cresci o suficiente para lhe agradecer por me ter feito crescer. Para lhe agradecer por me ter feito feliz todo aquele tempo.
Cresci o suficiente para lamentar não ter sido suficiente. Não ter conseguido fazê-lo feliz.
Cresci o suficiente para me detestar por não ter conseguido que ele soubesse que eu o amava.
Cresci o suficiente para desistir da ideia de manter a minha dignidade. Creio que a melhor forma de a manter é esperar e aceitar, adultamente, a decisão dele.
Cresci o suficiente para parar de o detestar.
Cresci o suficiente para deixar de ter medo de ficar sozinha.
Cresci o suficiente para saber que vou ter de trabalhar em mim própria, nos próximos tempos. Mas sei que a pior parte já passou. E que vai ficar tudo bem.
E que ele é só mais uma linda história para eu mais tarde contar.
E que tivemos um fim justo.
Cresci o suficiente para largar todas as memórias que se agarram a mim com unhas e dentes.
Cresci o suficiente para lhe sorrir e para lhe perguntar como ele está e como vai a vida dele. Para de facto querer saber dele.
E, finalmente, cresci o suficiente para não me importar que ele saiba que eu não estou ótima.
Mas quero que ele saiba que estou estabilizada. Que não me vou desfazer aos pedaços.
Quero esquecê-lo com todas as minhas forças.
Quero que ele seja feliz.
Mas, infelizmente, a minha criança interior ainda faz birra. Ainda diz que ele não merece ser feliz, ou mesmo que mereça, que não deve, porque eu ainda não estou.
Está compreendido o porquê de eu não me dar com crianças.
Só queria um adeus apropriado. Para depois ter coragem de seguir com a minha vida.
Portanto, aqui estou eu. No limbo. Sem esperança. Apenas à espera do final.
Como em todos os filmes (porque a verdade é que este foi um filme, foi um lindo filme), estou aqui a tentar manter-me em pé, à espera do:
''The End''.
Impedi-me de o fazer porque tudo o que escrevesse ia ser ridículo, patético, deplorável e indigno.
Ia fazer com que tivesse vergonha de mim própria, com que me detestasse por algum tempo.
E portanto esperei, até estar racional, até a minha mente estar limpa.
Até me sentir matura o suficiente para enfrentar isto da maneira que devo.
Pensei em muita coisa depois de saber a verdade.
Pensei em reter o pouco orgulho que me restava. A pouca dignidade que eu pensava que me restava.
Pensei em lidar com isto como se fosse uma criança.
E acabei por me decidir a crescer, finalmente.
A verdade é que a situação era má. E eu não soube lidar com ela.
Mas ele soube.
E era o fim. Era o fim, mas eu era infantil o suficiente para não querer admitir isso.
Como todas as crianças, pensei em ser eu a pôr o ponto final, apenas para não ficar mal, apenas para manter a réstia de dignidade que acreditava ter. Como todas as crianças, pensei em esfregar-lhe na cara o quão bem eu fingia estar. Como todas as crianças, pensei em magoá-lo da mesma maneira.
Mas no fim, após todos os festivais de autocomiseração, após todas as vinganças engendradas, após toda a vergonha, toda a tristeza, toda a ridicularidade, eu cresci.
Cresci para chegar à conclusão que chegava. E que estava, de facto, no fim.
Cresci o suficiente para lhe agradecer por me ter feito crescer. Para lhe agradecer por me ter feito feliz todo aquele tempo.
Cresci o suficiente para lamentar não ter sido suficiente. Não ter conseguido fazê-lo feliz.
Cresci o suficiente para me detestar por não ter conseguido que ele soubesse que eu o amava.
Cresci o suficiente para desistir da ideia de manter a minha dignidade. Creio que a melhor forma de a manter é esperar e aceitar, adultamente, a decisão dele.
Cresci o suficiente para parar de o detestar.
Cresci o suficiente para deixar de ter medo de ficar sozinha.
Cresci o suficiente para saber que vou ter de trabalhar em mim própria, nos próximos tempos. Mas sei que a pior parte já passou. E que vai ficar tudo bem.
E que ele é só mais uma linda história para eu mais tarde contar.
E que tivemos um fim justo.
Cresci o suficiente para largar todas as memórias que se agarram a mim com unhas e dentes.
Cresci o suficiente para lhe sorrir e para lhe perguntar como ele está e como vai a vida dele. Para de facto querer saber dele.
E, finalmente, cresci o suficiente para não me importar que ele saiba que eu não estou ótima.
Mas quero que ele saiba que estou estabilizada. Que não me vou desfazer aos pedaços.
Quero esquecê-lo com todas as minhas forças.
Quero que ele seja feliz.
Mas, infelizmente, a minha criança interior ainda faz birra. Ainda diz que ele não merece ser feliz, ou mesmo que mereça, que não deve, porque eu ainda não estou.
Está compreendido o porquê de eu não me dar com crianças.
Só queria um adeus apropriado. Para depois ter coragem de seguir com a minha vida.
Portanto, aqui estou eu. No limbo. Sem esperança. Apenas à espera do final.
Como em todos os filmes (porque a verdade é que este foi um filme, foi um lindo filme), estou aqui a tentar manter-me em pé, à espera do:
''The End''.
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