A Tempestade

Mil relâmpagos atravessam os meus olhos.
Não se conseguem ouvir, ainda, os trovões.
A minha respiração está ofegante, barulhenta, como um tornado.
O meu sangue revolve-se, agita-se desenfreadamente, desajeitadamente, como o mar revoltado.
Não chove, no entanto. Nem uma gota de chuva salgada.
Os meus dentes cerram-se como árvores a cair.
A minha visão está negra, escura, assombrosa. A única coisa que consigo distinguir são as enormes faíscas brancas.
Já se ouvia a tempestade a chegar há muito tempo. Já se imaginava os seus estragos há eternidades.
Mas a tempestade controlou-se. E continua a controlar-se. Continua a reprimir-se, a oprimir-se, a manter-se.
A minha paciência esgota-se. A indignação agita o mar. A fúria revolta o vento.
O ''PORQUÊ???'' ressoa na minha cabeça.
E assim que a tempestade se descontrolar, esse ''PORQUÊ???'' vai sair em forma de trovão.

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