O Reencontro
Consigo imaginá-lo agora. De rosto distorcido num pequeno sorriso de autossatisfação. Os olhos dele, raiados de azul e verde, transformados em pedras atentas à espera da presa. As mãos morenas dele em punhos cerrados.
Consigo sentir a consciência dele morta. Ver os estragos que lhe fiz, que estou prestes a fazer-lhe.
Consigo imaginar-me a vê-lo. A sentir o estômago às voltas, as palmas das mãos a suar, o coração quase a sair-me do peito.
Imagino o olhar frio e distante que ele me vai dirigir. O olhar frio que eu vou tentar retribuir.
Imagino os silêncios. Os longos silêncios constrangedores entre as conversas de circunstância.
E imagino o momento em que ele me vai perguntar. Não sei bem o quê ao certo, mas vai trazer tudo de volta. Imagino a minha resposta, firme e concisa, a olhar para tudo menos para ele.
Não sei se acenderá uma discussão comedida, se ficará por aí, se resultará numa conversa adulta.
Apenas sei a maneira como ele vai olhar para mim. Avaliando todas as mudanças, todas as falhas. Como se os olhos raiados pudessem atravessar-me. A boca dele fará mil sorrisos que não lhe chegarão aos olhos. As mãos dele vão torcer-se e distorcer-se, em sinal de impaciência ou nervosismo.
Não consigo imaginar a minha reação. Sei que manterei as respostas pequenas, tal como os sorrisos. Sei que não ouvirei uma única palavra que ele dirá porque o meu coração me tapará os ouvidos. Sei que não irei conseguir olhar para ele.
Mas e quando ele atacar? Quando o predador se fartar de esperar pelo momento certo e simplesmente atacar? Irei fugir? Desviar-me do perigo? Ou irei esperar que ele o faça?...
Que tipo de perguntas irá essa situação levantar? Perguntas às quais não sei ou não quero responder? E como irei reagir às respostas dele?
Saberei lidar com tudo isto? Ou vou-me quebrar e dizer-lhe aquilo que ele não precisa de saber?
Ou será que ele já o sabe?
Sei, inconscientemente, a resposta para todas estas perguntas. A única pergunta que me resta, a qual nem suspeito qual seja a resposta, a qual dará origem a todas as outras perguntas e a qual é tão parecida com uma outra pergunta que eu já fiz há tempos, é:
Como será vê-lo outra vez?
Consigo sentir a consciência dele morta. Ver os estragos que lhe fiz, que estou prestes a fazer-lhe.
Consigo imaginar-me a vê-lo. A sentir o estômago às voltas, as palmas das mãos a suar, o coração quase a sair-me do peito.
Imagino o olhar frio e distante que ele me vai dirigir. O olhar frio que eu vou tentar retribuir.
Imagino os silêncios. Os longos silêncios constrangedores entre as conversas de circunstância.
E imagino o momento em que ele me vai perguntar. Não sei bem o quê ao certo, mas vai trazer tudo de volta. Imagino a minha resposta, firme e concisa, a olhar para tudo menos para ele.
Não sei se acenderá uma discussão comedida, se ficará por aí, se resultará numa conversa adulta.
Apenas sei a maneira como ele vai olhar para mim. Avaliando todas as mudanças, todas as falhas. Como se os olhos raiados pudessem atravessar-me. A boca dele fará mil sorrisos que não lhe chegarão aos olhos. As mãos dele vão torcer-se e distorcer-se, em sinal de impaciência ou nervosismo.
Não consigo imaginar a minha reação. Sei que manterei as respostas pequenas, tal como os sorrisos. Sei que não ouvirei uma única palavra que ele dirá porque o meu coração me tapará os ouvidos. Sei que não irei conseguir olhar para ele.
Mas e quando ele atacar? Quando o predador se fartar de esperar pelo momento certo e simplesmente atacar? Irei fugir? Desviar-me do perigo? Ou irei esperar que ele o faça?...
Que tipo de perguntas irá essa situação levantar? Perguntas às quais não sei ou não quero responder? E como irei reagir às respostas dele?
Saberei lidar com tudo isto? Ou vou-me quebrar e dizer-lhe aquilo que ele não precisa de saber?
Ou será que ele já o sabe?
Sei, inconscientemente, a resposta para todas estas perguntas. A única pergunta que me resta, a qual nem suspeito qual seja a resposta, a qual dará origem a todas as outras perguntas e a qual é tão parecida com uma outra pergunta que eu já fiz há tempos, é:
Como será vê-lo outra vez?
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