Independência - II
Margarida riu-se largamente com a voz descontraída de Rafaela. Amigas desde o secundário, conhecidas desde a preparatória, Margarida encontrava em Rafaela uma calma de espírito contagiosa que achava ser inestimável. - E então miúda, como estão os maravilhosos campos do Mondego? - Estou em Trás-os-Montes, Rafa, em lado nenhum se vê o Mondego. - Riu-se. - Oh, Geografia, Geografia... Olha queres saber o que se tem passado por aqui? - Com certeza. - Sabes aquele jeitoso que vivia na rua atrás da nossa na faculdade? - O Marco, claro. Tivemos tanta pena quando ele acabou o último ano e voltou para a ''Coimbra do Mondego''. - Sim, esse mesmo. Ontem tive o prazer de me cruzar com ele. Ele lembrava-se de mim! - Não me acredito! E que raio está esse Adónis a fazer na cidade invicta? - Arranjou um emprego lá, na firma central! - Tu e os advogados, Rafa... - Que queres que te diga?... Têm qualquer coisa extremamente irresistível... - As tretas? - Sorria desenfreadamente...