Reino das Trevas

Quinta feira, 8 de agosto de 2013:

Escrevo-vos, nesta tarde de quinta feira, a tão poucos dias do meu Dia, neste parapeito  entre as enormes montanhas que ameaçam o céu valenciano e as praias paradisíacas que o iluminam.
 A claridade que recuperei até agora, trouxe o meu anterior caráter ácido e racional. A racionalidade assenta-me, apesar de me tornar amarga e triste. A racionalidade enche-me os olhos de ironia e cansaço, relembrando-me que há um mês atrás eu bem precisava de um pouco dela e ela não existia e agora cá está, reclamando de novo o seu lugar. Infelizmente, já estou tão fundamentada em irracionalidade que será impossível eu tomar as decisões racionais nos próximos tempos.
Há um mês atrás, eu era uma miúda de coração partido, mergulhada na estupidez e na ridicularidade. Surpreendi-me quando percebi que isso se havia alterado, e que o facto de isso se alterar me permitira retornar ao meu velho feitio envenenado. Surpreendeu-me que a perda se tivesse dissipado assim de mim, tão simplesmente e tão eficazmente. Surpreendi-me ao entender, ao assimilar que nem passados 5 meses, estou absolutamente e definitivamente de volta. Mais ácida, mais mal-humorada, mais corrosiva.
Pela primeira vez, não me congratulo pelo meu regresso ao mundo das trevas. Tenho até pena que não tenha podido manter um pouco do meu caráter sonhador. Mas o meu destino foi traçado e este mostra-me a minha cruzada em busca do sucesso. Infelizmente, todo esse caminho é destruidor de grandes e poderosas mentes como as minhas, não me podendo eu dar ao luxo de ser uma rosa delicada. As decisões que terei de tomar vão ser imensas e excruciantes.
Suspiro tristemente, o ar da montanha encerrando os meus segredos.
Nada mudou. Salto de problema para problema, cada um com a sua gravidade.

E, apesar da beleza de tirar o fôlego da paisagem, que anteriormente me animaria e satisfaria, que anularia qualquer pensamento ou vibração negativa, a minha alma começa a cobrir-se de negro outra vez, com receio pelo que há de vir assim que eu sair deste paraíso encantado.

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