Ondas
Creio que não vou conseguir.
Ao contrário do que pensava, não acredito que vou conseguir.
Por um lado o meu humor parece não poder ficar melhor. Parece que estou de volta, que estou livre de toda a opressão que me parecia que sentia.
Por outro lado qualquer coisa derruba facilmente o meu maravilhoso humor. Qualquer coisa me faz sentir o vazio que me habituei a ter preenchido. Qualquer coisa me deixa melancólica, irritada. Qualquer coisa me faz sentir inútil, estúpida. Qualquer coisa me lembra o quão ingénua fui. Qualquer coisa me lembra que levei dois tiros na minha dignidade.
Esta bipolaridade está a afetar-me bastante. Algo que nunca pensei ser possível.
Pensei que era intocável, inatingível, indestrutível. Acreditei tanto que o era que acabei por me tornar nisso mesmo.
Mas pelos vistos os meus muros não eram suficientemente fortes nem suficientemente altos.
E o tempo que vai demorar a reerguê-los é mais do que desejaria.
A bipolaridade levou-me toda a minha confiança, todo o meu orgulho, toda a minha indiferença.
Não sei que mais posso fazer para os ter de volta.
Neste momento, uma onda de calma assola-me. Não estou alterada, irritada nem triste. Não sinto nada.
Mas isto durará pouco tempo. Daqui a uns minutos será tempo dos choros reprimidos porque não me deixo ser patética o suficiente para chorar. Será tempo das músicas tristes, da expressão indiferente, do silêncio.
E, mesmo que me esteja a recuperar estou ao mesmo tempo a perder-me.
Talvez seja só uma fase.
Ou talvez precise de me perder por uns tempos.
Só sei que a rotina se tornou reconfortante. As mesmas caras, as mesmas expressões, as mesmas palavras, todos os dias, todas as horas.
Quero tanto crescer. Quero tanto ser aquilo que sempre disse que seria.
Talvez vá conseguir.
E as ilusões... São tantas, são tão grandes. Deixam-me tão esperançosa. Mas não passam disso, de ilusões. E eu sei disso, em parte. Sei disso quando tenho uma onda racional. Gostava de poder voltar a ser racional, simples.
Enfim...
A música não se apaga. Já a apaguei mil vezes do meu telemóvel, do meu computador, da minha mente. E no entanto diz sempre que é impossível de apagar. E eu rio-me com a ironia. Que é impossível de apagar sei eu! Mas podia dar uma ajuda e parar de me assombrar.
Estou farta de me sentir assombrada. Estou farta. Tão farta. Farta de despedidas, de me sentir dormente, de não sentir nada, de sentir tudo e ter de o reprimir. Estou farta de todas as memórias. Farta de me sentir perdida, descontrolada.
Preciso de recuperar o meu controlo, a minha dignidade. E portanto, acabou. Acabaram todas as oportunidades.
Nem que tenha de ficar sozinha.
Estou farta de ceder a emoções.
Estou farta de ter emoções.
Ao contrário do que pensava, não acredito que vou conseguir.
Por um lado o meu humor parece não poder ficar melhor. Parece que estou de volta, que estou livre de toda a opressão que me parecia que sentia.
Por outro lado qualquer coisa derruba facilmente o meu maravilhoso humor. Qualquer coisa me faz sentir o vazio que me habituei a ter preenchido. Qualquer coisa me deixa melancólica, irritada. Qualquer coisa me faz sentir inútil, estúpida. Qualquer coisa me lembra o quão ingénua fui. Qualquer coisa me lembra que levei dois tiros na minha dignidade.
Esta bipolaridade está a afetar-me bastante. Algo que nunca pensei ser possível.
Pensei que era intocável, inatingível, indestrutível. Acreditei tanto que o era que acabei por me tornar nisso mesmo.
Mas pelos vistos os meus muros não eram suficientemente fortes nem suficientemente altos.
E o tempo que vai demorar a reerguê-los é mais do que desejaria.
A bipolaridade levou-me toda a minha confiança, todo o meu orgulho, toda a minha indiferença.
Não sei que mais posso fazer para os ter de volta.
Neste momento, uma onda de calma assola-me. Não estou alterada, irritada nem triste. Não sinto nada.
Mas isto durará pouco tempo. Daqui a uns minutos será tempo dos choros reprimidos porque não me deixo ser patética o suficiente para chorar. Será tempo das músicas tristes, da expressão indiferente, do silêncio.
E, mesmo que me esteja a recuperar estou ao mesmo tempo a perder-me.
Talvez seja só uma fase.
Ou talvez precise de me perder por uns tempos.
Só sei que a rotina se tornou reconfortante. As mesmas caras, as mesmas expressões, as mesmas palavras, todos os dias, todas as horas.
Quero tanto crescer. Quero tanto ser aquilo que sempre disse que seria.
Talvez vá conseguir.
E as ilusões... São tantas, são tão grandes. Deixam-me tão esperançosa. Mas não passam disso, de ilusões. E eu sei disso, em parte. Sei disso quando tenho uma onda racional. Gostava de poder voltar a ser racional, simples.
Enfim...
A música não se apaga. Já a apaguei mil vezes do meu telemóvel, do meu computador, da minha mente. E no entanto diz sempre que é impossível de apagar. E eu rio-me com a ironia. Que é impossível de apagar sei eu! Mas podia dar uma ajuda e parar de me assombrar.
Estou farta de me sentir assombrada. Estou farta. Tão farta. Farta de despedidas, de me sentir dormente, de não sentir nada, de sentir tudo e ter de o reprimir. Estou farta de todas as memórias. Farta de me sentir perdida, descontrolada.
Preciso de recuperar o meu controlo, a minha dignidade. E portanto, acabou. Acabaram todas as oportunidades.
Nem que tenha de ficar sozinha.
Estou farta de ceder a emoções.
Estou farta de ter emoções.
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