Visão do Passado
Os meus passos ecoam na escuridão. A única luz vem do reles candeeiro de rua.
Já na altura eu sabia que cada passo que dava naquela direção era suicídio. No entanto continuo a reviver aqueles breves momentos que passava mergulhada em antecipação, em ansiedade. Aqueles momentos em que o meu coração parecia querer sair do meu peito, em que os meus joelhos me falhavam, em que a minha voz era baixa e ofegante. Aqueles breves momentos antes...
É estranho, agora, que há pouco mais de um ano, eu era essa rapariga. A que vagueava no escuro à procura do que nunca teria. A que tinha esperança no melhor.
Quem dera que ela me conhecesse agora. Ficaria orgulhosa? Desiludida? Mudaria todas as suas decisões futuras?
Só passou um ano, e eu estou velha enquanto na altura era uma jovem cheia de vitalidade. Passou um ano e eu perdi-me por motivos desconhecidos. Talvez me tenha perdido exatamente por esses passos vãos.
Ridículo em como eu pensava que aqueles passos iam mudar a minha vida. Iam mudar tudo o que eu conhecia. Achava que a minha vida ia finalmente fazer sentido, tudo se ia encaixar, por fim.
E chovia, e era noite cerrada, e eu atravessava aquela rua gelada. Subia-a, descia-a. Levantava os olhos para o céu estrelado e pedia para que daquela vez fosse diferente. Que daquela vez, no caminho de volta, eu estivesse feliz e não ainda mais desfeita e esperançosa. Parecem-me agora pedidos tão futéis, tão...Infantis. Tão pouco dignos. Tão pouco úteis.
Quem dera que eu tivesse sabido no meio daqueles passos. Que alguém me tivesse mostrado o que aconteceria, mesmo apesar dos passos. Nada mudaria. Tudo se manteria errado, como sempre foi. Como sempre foi... Aqueles passos tornar-se-iam numa faca que se espetaria no meu peito e que arrancaria o meu coração. Aquela distância que eu percorria por motivos tão fúteis, tão dispensáveis, tão desprezíveis, seriam poços de mágoa passados uns meses.
Ainda o são, de certa forma. E no entanto, tenho saudades deles. Tenho saudades daqueles passos tão absolutamente errados e ridículos, não merecedores dos meus pés. Tenho saudades de subir aquela rua mergulhada na escuridão.
Porque no final daquela subida, no pico de todo o nervosismo, estaria eu a virar uma esquina.
E do outro lado dessa esquina estariam os teus olhos.
Já na altura eu sabia que cada passo que dava naquela direção era suicídio. No entanto continuo a reviver aqueles breves momentos que passava mergulhada em antecipação, em ansiedade. Aqueles momentos em que o meu coração parecia querer sair do meu peito, em que os meus joelhos me falhavam, em que a minha voz era baixa e ofegante. Aqueles breves momentos antes...
É estranho, agora, que há pouco mais de um ano, eu era essa rapariga. A que vagueava no escuro à procura do que nunca teria. A que tinha esperança no melhor.
Quem dera que ela me conhecesse agora. Ficaria orgulhosa? Desiludida? Mudaria todas as suas decisões futuras?
Só passou um ano, e eu estou velha enquanto na altura era uma jovem cheia de vitalidade. Passou um ano e eu perdi-me por motivos desconhecidos. Talvez me tenha perdido exatamente por esses passos vãos.
Ridículo em como eu pensava que aqueles passos iam mudar a minha vida. Iam mudar tudo o que eu conhecia. Achava que a minha vida ia finalmente fazer sentido, tudo se ia encaixar, por fim.
E chovia, e era noite cerrada, e eu atravessava aquela rua gelada. Subia-a, descia-a. Levantava os olhos para o céu estrelado e pedia para que daquela vez fosse diferente. Que daquela vez, no caminho de volta, eu estivesse feliz e não ainda mais desfeita e esperançosa. Parecem-me agora pedidos tão futéis, tão...Infantis. Tão pouco dignos. Tão pouco úteis.
Quem dera que eu tivesse sabido no meio daqueles passos. Que alguém me tivesse mostrado o que aconteceria, mesmo apesar dos passos. Nada mudaria. Tudo se manteria errado, como sempre foi. Como sempre foi... Aqueles passos tornar-se-iam numa faca que se espetaria no meu peito e que arrancaria o meu coração. Aquela distância que eu percorria por motivos tão fúteis, tão dispensáveis, tão desprezíveis, seriam poços de mágoa passados uns meses.
Ainda o são, de certa forma. E no entanto, tenho saudades deles. Tenho saudades daqueles passos tão absolutamente errados e ridículos, não merecedores dos meus pés. Tenho saudades de subir aquela rua mergulhada na escuridão.
Porque no final daquela subida, no pico de todo o nervosismo, estaria eu a virar uma esquina.
E do outro lado dessa esquina estariam os teus olhos.
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