O meio termo

Há uma grande diferença entre carinho e amor. Uma grande diferença entre gostar e amar. Sei-a decor.
Isto porque eu conheço-me. E quando estou apaixonada, todos os dias são ouro e eu quase não consigo respirar sem a outra pessoa.
Quando assim não é, todos os dias são cinzentos e vazios.
Não estando apaixonada, quando inspiro o meu peito não se enche de felicidade na mesma medida que se enche de ar. Não passo a vida a sorrir, não faço planos e mais planos. Não existo verdadeiramente.
Depois há o meio termo. Em que adoras uma pessoa porque ela te faz bem, te aceita, te fascina, te faz rir, te atura, mesmo quando és parva e que te distrai das trivialidades do quotidiano. Mas não a amas. Nunca a poderias amar. Talvez porque ainda estás presa no passado. Talvez porque não estás preparada para isso. Ou talvez porque simplesmente não te deixas amá-la. Seja como for, assentas e consegues ser relativamente feliz. Exceto nos dias em que te sentes vazia. Nesses dias, ele nunca é suficiente. Porque ele não te faz vibrar, não te faz perder a cabeça. Nesses dias pões em causa tudo por que lutaste e tudo o que construíste. Nesses dias pões-te em causa e tudo o que sentes também.
Nesses dias ele é uma dor de cabeça. Da qual tu te queres livrar.
Mas depois dormes, descansas, finalmente. E quando acordas, ele já é o príncipe encantado outra vez. E pensas que foste infantil, que ele é o melhor que alguma vez vais ter, que o amas, que ele te faz feliz,que nunca ninguém te vai amar como ele. Pensas assim por muito tempo, e mais uma vez, és relativamente feliz.
Até outro dia cinzento chegar.

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