Veneno
Mais lenha para a enorme fogueira que é a minha raiva.
O tempo passa e só constrói mais raiva.
A raiva começa a magoar-me, como veneno a entrar nas veias.
É inútil. O meu estômago anda às voltas, os meus dentes estão cerrados, o ódio transborda nos meus olhos.
No entanto, nada vai ser dito da minha parte. Vou simplesmente deixar a cólera consumir-me. E não te direi nada.
Quero, com todas as minhas forças, discutir. Comigo, contigo, com todos. Quero procurar sarilhos. Quero andar até ser de manhã. Quero desaparecer por uns tempos.
E talvez assim já não me sinta tão dilacerada. Talvez assim não deteste tanto o triunfo nos olhos dele, ou a tua ingenuidade. Talvez assim eu consiga respirar e perder-me em memórias até estar curada. Talvez assim eu já não tenha tanta vontade de te magoar.
Tenho tantas saudades tuas... Como não consegues ver isso? Porquê que não consegues ver isso? Porquê que eu, que tenho tanta absoluta certeza de estar certa, tenho que ceder e pedir desculpas?
Porquê que tens que ser assim? Porquê que tens que me deixar tão frustrada?
Esta raiva é diferente de todas as outras... É quente, líquida. Entra debaixo da minha pele e enche-me dela.
Ainda vou cometer alguma loucura.
Ou simplesmente vou morrer envenenada.
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