''Para sempres''
Não gosto de ''para
sempres''. Não gosto de coisas permanentes. Estou habituada a coisas
passageiras, óbvias, superficiais.
A isto se adequa
todos os aspetos da minha vida. Não gosto da permanência das cicatrizes que
tenho no corpo, não gosto de imaginar o futuro seja com quem for. Farto-me
facilmente. Depois de atingir o limite, luto comigo própria para continuar, mas
nunca volta a ser o mesmo. Acontece-me isto com amizades, paixões, seja o que
for. Detesto coisas permanentes. Não diria que gosto de mudanças, no entanto.
Penso que é mais uma questão de precisar de um tempo separada dessas
constantes. Depois voltaria e tudo estaria na mesma.
Quanto ao amor, não
diria que me farto facilmente. Demoro a apaixonar-me. Por vezes, nunca chego a
apaixonar-me realmente. Mas quando me apaixono verdadeiramente… Não esqueço
facilmente. Demoro, literalmente, anos. Mas lá está, primeiro preciso de me apaixonar
completamente. E para isso acontecer… 6 meses, pelo menos. Até lá posso adorar
a pessoa, gostar imenso de estar com ela, ter um imenso carinho por ela. Mas
até estar apaixonada?... E mesmo quando estou, a permanência é algo que me
irrita.
Quer dizer, todas as
rapariguinhas gostam de pensar que o namoro é para sempre, não é verdade? Eu
não. Gosto de pensar que vai ter um limite. Que não vou passar ''para sempre''
acorrentada. É um bocado parvo, mas é a realidade. A hipótese de pensar nos próximos
6 meses e ainda nos ver juntos, assusta-me mais do que me agrada. Talvez porque
não estou habituada a estabilidade? Espero que assim seja. Porque faz-me sentir
como uma péssima pessoa. E eu sei que não o sou, mesmo que por vezes pareça.
De qualquer das
maneiras, gosto de pensar que teremos momentos maravilhosos, e que vai durar
enquanto formos felizes, mas eu sei que um dia isso vai mudar. Sei que me vou
fartar. Ou talvez não me farte, mas simplesmente já não seja feliz. E aí, eu
quero saber que posso, que consigo, desprender-me. Mesmo que não seja justo.
Mas vou precisar de o fazer.
Detesto ''para
sempres''. Detesto toda a sua seriedade, a sua ''adultês'', quando na verdade, eu
sou uma criança. Detesto-os. Hei de os detestar sempre. Ou pelo menos, enquanto
for racional.
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