Pesadelos

Acordei destroçada, mais uma vez. Acordei e fitei o teto. Pestanejei várias vezes para ter a certeza que estava acordada. E quando me certifiquei de que estava consciente, não tenho a certeza se me senti aliviada ou com pena.
A verdade é que é sempre o mesmo sonho, sempre a mesma fantasia. Com contornos e cenários diferentes, mas o final é sempre igual e o objetivo é sempre o mesmo. Nunca pensei que as saudades se conseguissem tornar assim tão vívidas. Sempre pensei nas saudades como pontos verdes e doces, que magoam apenas ligeiramente, não desta maneira dilacerante. Não esperei, também, que alguma vez fosse ter saudades. Saudades de alguém que me tratou como lixo, que me torceu. Mas tenho, todos os dias, mais precisamente, todas as noites.
Todas as noites eu volto a abraçá-lo, a ver o sorriso dele. Para depois acordar a sentir-me tanto desfeita como aliviada. O alívio deve-se a que aquilo que acontece nos meus sonhos, não pode voltar a acontecer. Eu já não sou quem era. E mesmo que fosse, não poderia voltar.
O alívio deve-se à limpeza da minha consciência.
Devo chamar a isto sonhos ou pesadelos? Porque pesadelos é quando sonhamos com algo horrível, que nos magoa e que nos faz ter medo. Sonhos é quando algo maravilhoso acontece. E esta situação não se encaixa em nenhuma das descrições.
Aliás, encaixa-se nas duas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O Animal

O ciclo sem fim

A ironia da indiferença