Quantas vezes ...

Quantas vezes mais vou eu escrever sobre ti? Para mim já chega. Já chega de continuar a ser a menina ingénua que caiu nas tuas garras. Já chega de tremer de cada vez que te vejo. Já chega de sequer olhar para ti.
Tal como já tinha dito, já consigo respirar sem ti. Já consigo não me afundar em dor e autocomiseração. Consigo olhar para trás e dizer que foste o meu primeiro grande amor. E depois voltar a olhar para a frente. O olhar para a frente já não me custa. Pelo menos não tanto como custava antes.
E, no entanto, por vezes volto a estar aos teus pés. Sinto-me como se literalmente estivesse a teus pés e estivesse a olhar para cima. E tu, de olhar misericordioso (como se tivesses direito a tal), sorrias-me tristemente. Mas nunca me estendias a mão para eu me levantar. Não. Mantinhas-me sempre no chão, a teus pés, porque era aí que eu alegadamente pertencia.
Por vezes volto aí. Tal como volto às alturas em que tinha os meus dedos entrelaçados no teu cabelo, a puxar-te mais para mim. Posso, pela primeira vez nos últimos 5 meses dizer que não tenho saudades disso. Tenho saudades de muito, mas não disso, não desses segundos em que eras meu e simplesmente meu. Sei que não. Sei que tenho algo melhor em meu poder, agora. Cresci, finalmente.
Claro que existe sempre dentro de mim aquela parte que ainda não cresceu. A que tu roubaste. A que não é, nem a vejo voltar a ser, minha, nunca. E essa parte, essa sim, tem saudades de tudo o que te envolva.
É uma luta interna que a parte sensata vai ganhar como é óbvio. Mas mesmo assim, tu manter-te-às no meu sistema. Não vale a pena negá-lo, já chega de o fazer. Quanta vezes já o neguei a mim própria e aos outros, para vir a descobrir que era mentira?
''Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar de ti?''

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O Animal

O ciclo sem fim

A ironia da indiferença