Estupidificação
As gotas suaves da chuva assombram o exterior e escorrem pela janela da torre mais alta do meu palácio suburbano. Estou encostada a uma almofada com o computador no colo, sem ideia mínima do que fazer.
A frustração criou-se em mim sem esforço, frustração essa que, creio eu, é apenas o reflexo do meu tédio e do meu desejo de estar para sempre entediada.
Entrei numa hibernação emocional. O inverno faz-me sorrir e esperar, mas a minha vontade neste momento não é essa. A minha vontade não é mais nenhuma a não ser poder deitar-me e não acordar por meses e meses. A justificação é simples: não consigo empenhar-me em nada. Daí a minha frustração. Estas férias deviam ser para eu escrever até mais não, ler todos os livros que pudesse, tratar de mim e conjeturar teorias sobre tudo o que não compreendo. Resumindo, sabia que ia ter uma férias muito exigentes a nível físico, mas quis que fossem também exigentes a nível mental. Infelizmente, há o tal problema: estou em hibernação emocional. E isso estagna a minha mente, torna-a intolerante, ignorante, movida pela irritação e pela indignação. Impede-me de cultivar o espírito, incute-me o ócio e a falta de inspiração.
É apenas o primeiro dia de umas férias que me vão deixar exausta e eu já me sinto psicologicamente exausta. Já me sinto como se a minha fonte de energia vital tivesse sido cortada. Não sei como ou o que escrever e sinto a mente completamente vazia e ao mesmo tempo demasiado ocupada.
A falta de pensamentos piora estes sintomas. Não ter em que pensar é excruciante, tortuoso, mas sem dúvida melhor do que pensar constantemente no que costumava pensar. Afinal, fechei-me emocionalmente e aparentemente, essas minhas emoções eram fundamentais para manter as réstias da minha juventude e vitalidade. Faziam-me imaginar, sonhar e suscitavam em mim tudo aquilo que neste momento são cinzas na minha memória.
O meu cérebro está vazio. Nada me ocorre. Temo passar estas férias a estupidificar-me e não a edificar a minha mente. Sei que para muitos esse seria o plano ideal de férias. Para mim, nem que eu o quisesse, não podiam ser, sendo que continuarei a ter que correr de um lado para o outro. As minhas férias resumir-se-ão a algumas horas livres que tive e que usei para ler ou escrever. Já me resignei. Aliás, esta hibernação emocional resume-se nisso: resignação. Não há nada que me afete, nada que me abata, nada que me eleve. Tudo é indiferente, cinzento, abstrato. Não existo, os sons que ouço não existem, os meus olhos não vêm. É tudo uma entediada ilusão. Provavelmente, nem cheguei a acordar do sono profundo em que entrei, sono inspirado pela minha tão infinda exaustão.
A frustração criou-se em mim sem esforço, frustração essa que, creio eu, é apenas o reflexo do meu tédio e do meu desejo de estar para sempre entediada.
Entrei numa hibernação emocional. O inverno faz-me sorrir e esperar, mas a minha vontade neste momento não é essa. A minha vontade não é mais nenhuma a não ser poder deitar-me e não acordar por meses e meses. A justificação é simples: não consigo empenhar-me em nada. Daí a minha frustração. Estas férias deviam ser para eu escrever até mais não, ler todos os livros que pudesse, tratar de mim e conjeturar teorias sobre tudo o que não compreendo. Resumindo, sabia que ia ter uma férias muito exigentes a nível físico, mas quis que fossem também exigentes a nível mental. Infelizmente, há o tal problema: estou em hibernação emocional. E isso estagna a minha mente, torna-a intolerante, ignorante, movida pela irritação e pela indignação. Impede-me de cultivar o espírito, incute-me o ócio e a falta de inspiração.
É apenas o primeiro dia de umas férias que me vão deixar exausta e eu já me sinto psicologicamente exausta. Já me sinto como se a minha fonte de energia vital tivesse sido cortada. Não sei como ou o que escrever e sinto a mente completamente vazia e ao mesmo tempo demasiado ocupada.
A falta de pensamentos piora estes sintomas. Não ter em que pensar é excruciante, tortuoso, mas sem dúvida melhor do que pensar constantemente no que costumava pensar. Afinal, fechei-me emocionalmente e aparentemente, essas minhas emoções eram fundamentais para manter as réstias da minha juventude e vitalidade. Faziam-me imaginar, sonhar e suscitavam em mim tudo aquilo que neste momento são cinzas na minha memória.
O meu cérebro está vazio. Nada me ocorre. Temo passar estas férias a estupidificar-me e não a edificar a minha mente. Sei que para muitos esse seria o plano ideal de férias. Para mim, nem que eu o quisesse, não podiam ser, sendo que continuarei a ter que correr de um lado para o outro. As minhas férias resumir-se-ão a algumas horas livres que tive e que usei para ler ou escrever. Já me resignei. Aliás, esta hibernação emocional resume-se nisso: resignação. Não há nada que me afete, nada que me abata, nada que me eleve. Tudo é indiferente, cinzento, abstrato. Não existo, os sons que ouço não existem, os meus olhos não vêm. É tudo uma entediada ilusão. Provavelmente, nem cheguei a acordar do sono profundo em que entrei, sono inspirado pela minha tão infinda exaustão.
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