O papel do destino

Queridos leitores,
Nos últimos tempos tenho-me entregado a várias horas filosóficas. E, assim sendo, achei pertinente perguntar se, de facto, tudo na nossa vida está absolutamente determinado, ao ponto de não sobrar nada que seja da nossa escolha, ou se nós fazemos todas as nossas escolhas. Se, realmente, a nossa vida podia ter sido diferente, conforme alguma escolha que fizemos no passado.
Ou será tudo destino...? Por alguma razão (alguma muito irónica razão), prefiro acreditar que foi destino. É mais razoável, menos masoquista, do que considerar a hipótese de eu, por algum pormenor, por alguma palavra que não disse ou que disse, por algum ato que fiz ou que não fiz, poder, neste momento, numa realidade paralela, prosperar. Seria a alternativa a esta realidade melhor ou pior? Ou ambas? Haverá uma multiplicidade de realidades possíveis baseadas nas minhas escolhas?
Será tudo completamente aleatório e indiferente?
E que papel representará o destino no amor, se é que ele existe e onde quer que ele esteja? Será relevante? Será realmente verdade a expressão: ''se fosse para acontecer, teria acontecido''? Ou só não aconteceu por mera preguiça do agente ou covardia ou seja o que for?
E, na minha vida, o que será destino? A minha vida amorosa terá tido qualquer intervenção do destino? Onde, em que parte?
Na aparição instável, que simplesmente não deixa a minha vida de uma vez? Quererá o destino dizer alguma coisa com o facto de esse não desaparecer de uma vez, ou aliás, desaparecer e aparecer já um milhão de vezes?
Ou na existência constante? Quererá o destino dizer alguma coisa com o facto de, a partir do momento em que entrou na minha vida, nunca mais ter saído?
Ou na tentação assoladora? Que apareceu na minha vida, virou-a do avesso, me encheu de todos os nervosismos e depois simplesmente desapareceu para sempre? Quis o destino dizer alguma coisa com esse facto para além de me relembrar que tenho péssimo autocontrolo?
Caio cada vez mais na tentação de acreditar em tudo isto. Afinal, é demasiada coincidência que as mesmas pessoas entrem e saiam da minha vida com demasiada facilidade. Ou que se agarrem com unhas e dentes...
Talvez isto sejam fantasias de um pobre coração que apenas quis ter feito diferença... Estou demasiado mergulhada em filmes Disney, em contos de fada... Talvez esteja na altura de acordar e de voltar a pôr os pés bem assentes na terra...
O destino... Que sabe o destino?... Nada, não sabe nada. Porque se soubesse, porque haveria de levar e buscar pessoas à minha vida como as ondas do oceano?...
No entanto, eu sei. Sei precisamente onde tudo isto acabou ou vai acabar... Estou resignada. Espero pelo fim definitivo do conto de fadas. Anseio-o.
Assim poderei voltar aos meus planos originais de viver mediamente feliz enquanto me for possível.
Portanto, querida tentação assoladora, despeço-me de ti, para sempre. Espero que tenhas uma boa vida e que o ''destino'' te leve ao que procuras.
Querida aparição instável... Adeus finalmente. E que o destino te leve ao que procuras. Mesmo que isso me custe.
E, finalmente, querida existência constante. Volta depressa. E que o destino te traga diretamente de volta aos meus braços.

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