O dia em que tu me deixaste

Nem sabia ser capaz de te dar todo o amor que te dei.
E quando o dei, nem pensei que estava a dá-lo.
Dei-te tudo de mim: o bom, o mau, o feio, o bonito.
Ao longo de tanto tempo, houve muito bonito e muito feio.
Nunca ninguém me conheceu como tu me conheceste.
É possível que nunca ninguém me venha a conhecer como tu me conheceste.
Para mim, tu e eu vivíamos num espaço celestial separado do resto do mundo. Num mundo só nosso.
Pensar em ti, falar de ti, deixava-me sempre impossivelmente emocional. Pensar em ti era pensar em como tu e eu encaixamos, como se duas pessoas foram feitas para estar juntas, éramos nós. Pensar em ti era pensar em destino e amor para a eternidade.
Toda a gente sabia que te amava. Mesmo agora, toda a gente sabe que te amo.
Apesar de ser uma pessoa que gosta da sua privacidade, eu fiz questão que toda a gente soubesse.
Não havia nada como estar nos teus braços.
O que eu dava para poder voltar aos teus braços, um dia...
Dei tudo de mim, e no entanto não foi suficiente.
Quem me dera ter tido mais tempo para passar os dedos pelo teu rosto e para decorar todas as linhas.
A ideia de nunca mais te ver parece inconcebível. Inacreditável.
Tudo isto parece inacreditável.
Ainda há uns dias falávamos de um futuro a dois.
Não consigo apagar de mim todos os momentos da nossa vida. Trazem-me sorrisos cheios de lágrimas. Quase não acredito que te amei tanto.
Dou por mim dividida entre precisar de esquecer que alguma vez te amei, para avançar com a minha vida, e querer agarrar-me com toda a força ao amor que te tenho.
Nunca amei ninguém assim, e não me quero esquecer que sou capaz de amar assim.
Mais ainda, não me quero esquecer da forma com que me amaste.
Saber que amor assim existe dá-me conforto, apesar de tudo.
Talvez um dia eu venha a sentir este tipo de amor outra vez.
Amor a sério, amor adulto, amor de duas pessoas que se amam mais que tudo.
E ainda que nunca mais me venha a sentir assim, ao menos saberei. Antes de ti achei que o amor era uma coisa inútil e que não valia a pena. Ao menos agora sei. Ao menos terei a memória de ter sido amada como poucas pessoas o são. Ao menos terei a memória de amar assim.
Despedir-me de ti foi um momento surreal. Antinatural. Nunca nada me pareceu tão errado.
E, no entanto, aqui estou.
Não tenho escolha senão andar até que os meus pés descubram para onde querem ir.
E assim farei. Não planeio parar. Mas sabe que levo a memória do que fomos (e fomos tanto!) comigo.

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