A luz ao fundo do túnel

Sou uma pessoa muito diferente daquela que achava que era.

Parece que num momento me perco totalmente na minha tristeza, e dou lugar ao choro, para no momento seguinte explicar tudo o que se passa a outras pessoas com frieza e racionalidade.

Sinto-me sempre obrigada a dar uma performance, e sei que foi a minha performance que traiu a minha tristeza no final.

Em tudo o restante, lembro-me de pensar que estava muito surpreendida por me conseguir distanciar assim daquilo que estava a dizer. Por manter o meu discernimento e explicar tudo com calma e sem qualquer ameaça de emoção.

A verdade é que as minhas emoções têm oscilado como uma montanha russa. Tanto estou absolutamente destroçada e não sei como avançar, como me sinto completamente dentro de mim e calma, como até me sinto otimista com o futuro.

Mas quando a questão já não é relatar o que aconteceu, mas descrever como estou, a história é outra.

Não sei explicar aos meus amigos ou sequer a mim própria que estou destroçada, mas estou bem.

Sinto que a minha vida acabou, e ao mesmo tempo sinto que ela começou.

Estou devastada, mas estou bem.

Vou chorar ainda muito e durante muito tempo, eu sei.

E terei muitos momentos de desespero.

Mas consigo ver já o sol, a luz ao fundo do túnel. Sei que ela estará ali à minha espera quando eu estiver pronta.

Talvez seja isto lidar com um coração partido como adulta.

Uma dor lancinante, mas que vem com perspetiva.

Eu sei que a vida não acabou, o mundo não se vai desmoronar e que sou a mesma pessoa que era há dois meses.

Sei que posso tirar desta situação mil e um ensinamentos quando estiver pronta.

E sei que estou bem sozinha.

Por muito que queira dolorosamente sentir que alguém me ama, sei que estou bem sozinha.

Tenho uma vida cheia e muito pela frente.

E sei que estou a lidar com isto de uma forma relativamente saudável.

O silêncio não me assusta, pela primeira vez em muito tempo.

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