Bloqueios
Nestes dias em que a avalanche de mudanças me levou montanha abaixo, dou por mim tão absolutamente entupida e bloqueada, que não consigo juntar duas palavras.
Vivo numa dormência temerosa, e tudo o que escrevo, tudo o que leio, tudo o que sou é irritável e irritado, inflamado por um mau génio endémico e um cansaço existencial.
Esperei que o meu futuro chegasse e ele chegou, mas lavou-me com ele. Todo o entusiasmo de livros gigantes, institucionalizações, palavras caras, discursos articulados e maturidade fingida fez-me esquecer quem sou e fez-me entender quão manufaturado, pequeno e limitado é o meu pensamento.
Daí a falta de escrita, o constante medo e o enjoo emocional que se têm incrustado na minha mente, para além de uma arrogãncia apagada e de uma insegurança estúpida.
Dei por mim no mundo pequeno dos adultos. E, sendo alguém que esperou por aqui chegar a vida toda, sinto-me completamente perdida. Talvez, porque na verdade, não sou capaz de me ver como uma adulta, como alguém que está já a poucos anos de entrar no mundo real. Na minha cabeça ainda brinco com bonecas e vejo filmes Disney.
Esperava muito deste período da minha vida e ainda recebi pouco do que esperava. Não significa isto que esperava mais, ou menos, ou diferente, apenas que ainda quero viver e ver muito mais em todas as dimensões possíveis.
Por outro lado, a minha preocupação de ter caído na mediocridade por inércia das minhas capacidades foi um falso alarme. Dei por mim com a mente tão rápida como sempre e a língua como sempre aguçada, obcecada e fascinada pelas palavras tão maiores do que eu, que proclamavam justiça, equidade e poder, palavras essas que eu sonhei ouvir grande parte da minha vida.
Sempre soube que o secundário era uma fase de transição rápida e limitada, por assim dizer, mas nunca me apercebi quão transitória é também a universidade. Percebi, ou creio perceber, que este período, para além de ter toda uma outra dimensão social, serve para que nos solidifiquemos enquanto intelectuais, enquanto seres humanos e enquanto pensadores. Para que as nossas ideias deixem de ser gasosas e as nossas personalidades influenciáveis, para que tremamos por coisas muito maiores e transcendentes do que as futilidades que perpassavam as nossas mentes anteriormente. Essas continuarão a ter o seu lugar em nós, mas esperançadamente mais pequenos.
De qualquer das maneiras, porque tive de experienciar tudo isto e de analisar tudo e de sofrer e fascinar-me com tudo, é que não me foi possível escrever. Os excessos emocionais tolhiam-me a mente. E agora a dormência embala-a e permite-me pensar mais ou menos claramente.
Vivo numa dormência temerosa, e tudo o que escrevo, tudo o que leio, tudo o que sou é irritável e irritado, inflamado por um mau génio endémico e um cansaço existencial.
Esperei que o meu futuro chegasse e ele chegou, mas lavou-me com ele. Todo o entusiasmo de livros gigantes, institucionalizações, palavras caras, discursos articulados e maturidade fingida fez-me esquecer quem sou e fez-me entender quão manufaturado, pequeno e limitado é o meu pensamento.
Daí a falta de escrita, o constante medo e o enjoo emocional que se têm incrustado na minha mente, para além de uma arrogãncia apagada e de uma insegurança estúpida.
Dei por mim no mundo pequeno dos adultos. E, sendo alguém que esperou por aqui chegar a vida toda, sinto-me completamente perdida. Talvez, porque na verdade, não sou capaz de me ver como uma adulta, como alguém que está já a poucos anos de entrar no mundo real. Na minha cabeça ainda brinco com bonecas e vejo filmes Disney.
Esperava muito deste período da minha vida e ainda recebi pouco do que esperava. Não significa isto que esperava mais, ou menos, ou diferente, apenas que ainda quero viver e ver muito mais em todas as dimensões possíveis.
Por outro lado, a minha preocupação de ter caído na mediocridade por inércia das minhas capacidades foi um falso alarme. Dei por mim com a mente tão rápida como sempre e a língua como sempre aguçada, obcecada e fascinada pelas palavras tão maiores do que eu, que proclamavam justiça, equidade e poder, palavras essas que eu sonhei ouvir grande parte da minha vida.
Sempre soube que o secundário era uma fase de transição rápida e limitada, por assim dizer, mas nunca me apercebi quão transitória é também a universidade. Percebi, ou creio perceber, que este período, para além de ter toda uma outra dimensão social, serve para que nos solidifiquemos enquanto intelectuais, enquanto seres humanos e enquanto pensadores. Para que as nossas ideias deixem de ser gasosas e as nossas personalidades influenciáveis, para que tremamos por coisas muito maiores e transcendentes do que as futilidades que perpassavam as nossas mentes anteriormente. Essas continuarão a ter o seu lugar em nós, mas esperançadamente mais pequenos.
De qualquer das maneiras, porque tive de experienciar tudo isto e de analisar tudo e de sofrer e fascinar-me com tudo, é que não me foi possível escrever. Os excessos emocionais tolhiam-me a mente. E agora a dormência embala-a e permite-me pensar mais ou menos claramente.
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