Amargura e desprezo - I
Há tantos tipos de homens.Eu, na minha tenra idade, ainda não descobri um décimo deles, mas posso afirmar que já conheci alguns. Aliás, seja-me perdoado o lapso, não conheci nenhum homem, mas muitos e muitos rapazes.
Esta classificação vai ser talvez um pouco sexista. Tentarei evitar que o seja, mas a estereotipização é quase impossível de evitar.
Há os que são honestos. Não me refiro à qualidade de não mentir, refiro-me ao defeito de não se saberem calar. A honestidade escorre-lhes pela boca num rio de palavras que eu não quero ouvir. Não por serem aborrecidas, mas porque são ofensivas. O tato não é um conceito que conheçam. Até são capazes de conhecer, mas é-lhes irrelevante. Ser rudemente honesto parece ser o certo. Não conheci muitos homens/rapazes assim. Aliás, só me lembro de um. Talvez dois. Dois homens com quem gastei muito mais tempo do que devia.
Há os que parecem perfeitos. Perfeitos dentro do meu género, obviamente. Não são excessivamente bem parecidos, não são excessivamente convencidos, mas exalam autoconfiança, não são privilegiados nem têm dificuldades, não são excessivamente altos, nem baixos, tratam bem de si mesmos mas não são obcecados com a estética, tratam bem do seu corpo, mas não é a única coisa em que pensam. Não me puxam a cadeira para eu me sentar (detesto cavalheirismos), mas também não são rudes. Têm um sentido de humor fabuloso, mas não se riem de tudo. Não têm uma beleza universal, mas eu poderia passar horas a olhar para eles, porque há qualquer coisa de fascinante no seu rosto. São perfeitos em 90% das suas opiniões (querendo isso dizer que quase sempre concordam comigo e, quando não concordam, têm opiniões interessantes e bem formadas), são extremamente próximos das suas famílias e são de um otimismo excelente. São perfeitos até um momento, até ao momento em que já não podem ser perfeitos. A perfeição eventualmente cai, a bela ilusão desfaz-se, porque ou eu me fartei da perfeição ou ele fartou-se de fingir que era o que eu queria que ele fosse. E a parte não tão perfeita vem ao de cima. E, numa avalanche, sou abalroada por tudo o que eu não sabia que ele era.
Há os que não percebem. E nem me vou estender neste assunto. Simplesmente não percebem. E, automaticamente, por não me perceberem, por falta de tentativas ou por falta de q.i., sou um alien. Um mundo à parte a que os seus pobre cérebros não conseguem chegar. Mas há aqueles que não percebem nada, não só a mim. E, automaticamente, tudo o que os seus neandertais cérebros não percebem, são ''coisas de mulheres'', palavras ditas com um encolher de ombros condescendente e algum desprezo na voz. Enfim...
Há os que simplesmente não querem saber. De nada a não ser de festejar e de viver a vida como se não houvesse amanhã. Esses irritam-me particularmente. Não os confundam com ''espíritos livres''. Espíritos livres são criaturas desvairadas mas que querem saber. Estes são demasiado enterrados em si mesmos para quererem saber do que está à volta deles.
Há os que são demasiado obcecados com alguma coisa em particular.
Há os que são demasiado emocionais.
Há os que são demasiado ocos. Não os confundam com os que não querem saber.
Há os manipuladores e controladores, que distorcem tudo a seu favor, Que sentem que têm de controlar algo ou alguém completamente, senão perdem a cabeça. Idiotas egocêntricos com tendências psicopáticas.
Há os que acham que me vão conseguir converter. Mudar, conter. Tenho pena dos que não aceitam que eu nunca serei um animal manso e doméstico.
Há os que apenas me querem momentaneamente. De vez em quando. Apenas gostam de brincar comigo e eu não teria problema com isso se eles fossem honestos. Mas não o são, são reservados, calados e manipuladores, aborrecidos por natureza de tudo e de todos, e nada para eles funciona se eles não tiverem o poder de dar quando querem e de tirar quando for esse o seu desejo.
Há os insanamente teimosos.
Há os que pedem muito mais do aquilo que eu lhes posso oferecer. A nível emocional, claro. E que não se conformam com aquilo que eu, de facto, lhes ofereço.
Há os que nunca tencionam ficar muito tempo num sítio, numa pessoa, num tempo. Dentro destes há os que são honestos quanto a isso, que eu respeito e admiro, e os idiotas, a quem os sentimentos das pessoas são irrelevantes.
Há os intelectuais, que têm gostos muito próprios, opiniões que me elevam, Criaturas adoráveis, mas também muito míticas. No que toca a estes tipos de homens, olha-se ao longe, como numa montra, mas não se compra nada. Porque para contrabalancear a perfeição intelectual há uma imperfeição física ou até psicológica extremamente irritante.
E depois há-os como ele foi. Criaturas muito nobres e martirizadas, que acham que têm de ser perfeitas e que tentam sê-lo, física e psicologicamente. Criaturas que nunca fariam o meu género até eu me render a uma delas. Moderadamente honestas, que fazem muita pressão em si mesmas, que perdem a cabeça com questões emocionais, que são demasiado sensíveis e que estarão sempre presas num determinado período da sua vida. Nunca serão mais do que miúdos brincalhões, por muito que cresçam e por muito maduros que se considerem. Criaturas com muitos amigos, mas que se sentem infinitamente sozinhas. Criaturas que se acham incompreendidas. Criaturas que eu vejo, agora, serem tão patéticas e pecadoras como eu, mas que conseguiam fingir que eram membros úteis e quase cavalheirescos da sociedade, com o seu altruísmo e nobreza infinitos. São tão egoístas e egocêntricos como eu, só que de uma maneira mais dissimulada. Acham, no seu íntimo, que são melhores do que todos, mas não passam de vermes sem mente própria e com a mania das grandezas.
Credo, a amargura e o desdém nas minhas palavras! Diga-se ainda que estes, os mártires, não passando de bebés chorões, elevam-se nos maiores pedestais morais, apenas para acabarem por ser tão mentirosos e manipuladores como eu. Os meus padrões morais não são muito altos, como sabeis.
Faltam imensos tipos de homens, meus caros amigos. No entanto, talvez deva deixar este assunto descansar e voltar a ele uma próxima vez que me ache tão agastada e amargurada como hoje. Os rapazes cansam-me, meus caros! Cansam-me por não serem honestos, ou por o serem demais, por não ficarem e por quererem ficar, por me quererem alterar ou por se quererem alterar a eles mesmos, por pedirem a mais ou a menos, por estarem aquém de terem um cérebro funcional ou por terem um demasiado funcional, por perceberem demais e por não perceberem de todo, por serem ocos ou demasiado cheios,...
Enfim, por serem pessoas e por eu ter de lidar com eles. Por serem e não serem exatamente como eu queria que eles fossem. Portanto, eu pergunto: para quê? Para quê gastar a minha beleza e juventude a tentar encontrar um rapaz que será uma mera repetição de algum que eu já conheci, que me gastará até ao osso, que fará de mim cansada e/ou destruída, que me fará mudar quando eu já gosto do que sou, que nunca será suficiente em nenhum parâmetro para me preencher?
Para nada. Prefiro poder respirar fundo e descansar, ter tempo para estudar e para me divertir e não ter de pôr na minha agenda cheia outra tarefa, que seria ter de lidar com um homem, que requer atenção, amor e cuidado que eu já não tenho há muito tempo.
Esta classificação vai ser talvez um pouco sexista. Tentarei evitar que o seja, mas a estereotipização é quase impossível de evitar.
Há os que são honestos. Não me refiro à qualidade de não mentir, refiro-me ao defeito de não se saberem calar. A honestidade escorre-lhes pela boca num rio de palavras que eu não quero ouvir. Não por serem aborrecidas, mas porque são ofensivas. O tato não é um conceito que conheçam. Até são capazes de conhecer, mas é-lhes irrelevante. Ser rudemente honesto parece ser o certo. Não conheci muitos homens/rapazes assim. Aliás, só me lembro de um. Talvez dois. Dois homens com quem gastei muito mais tempo do que devia.
Há os que parecem perfeitos. Perfeitos dentro do meu género, obviamente. Não são excessivamente bem parecidos, não são excessivamente convencidos, mas exalam autoconfiança, não são privilegiados nem têm dificuldades, não são excessivamente altos, nem baixos, tratam bem de si mesmos mas não são obcecados com a estética, tratam bem do seu corpo, mas não é a única coisa em que pensam. Não me puxam a cadeira para eu me sentar (detesto cavalheirismos), mas também não são rudes. Têm um sentido de humor fabuloso, mas não se riem de tudo. Não têm uma beleza universal, mas eu poderia passar horas a olhar para eles, porque há qualquer coisa de fascinante no seu rosto. São perfeitos em 90% das suas opiniões (querendo isso dizer que quase sempre concordam comigo e, quando não concordam, têm opiniões interessantes e bem formadas), são extremamente próximos das suas famílias e são de um otimismo excelente. São perfeitos até um momento, até ao momento em que já não podem ser perfeitos. A perfeição eventualmente cai, a bela ilusão desfaz-se, porque ou eu me fartei da perfeição ou ele fartou-se de fingir que era o que eu queria que ele fosse. E a parte não tão perfeita vem ao de cima. E, numa avalanche, sou abalroada por tudo o que eu não sabia que ele era.
Há os que não percebem. E nem me vou estender neste assunto. Simplesmente não percebem. E, automaticamente, por não me perceberem, por falta de tentativas ou por falta de q.i., sou um alien. Um mundo à parte a que os seus pobre cérebros não conseguem chegar. Mas há aqueles que não percebem nada, não só a mim. E, automaticamente, tudo o que os seus neandertais cérebros não percebem, são ''coisas de mulheres'', palavras ditas com um encolher de ombros condescendente e algum desprezo na voz. Enfim...
Há os que simplesmente não querem saber. De nada a não ser de festejar e de viver a vida como se não houvesse amanhã. Esses irritam-me particularmente. Não os confundam com ''espíritos livres''. Espíritos livres são criaturas desvairadas mas que querem saber. Estes são demasiado enterrados em si mesmos para quererem saber do que está à volta deles.
Há os que são demasiado obcecados com alguma coisa em particular.
Há os que são demasiado emocionais.
Há os que são demasiado ocos. Não os confundam com os que não querem saber.
Há os manipuladores e controladores, que distorcem tudo a seu favor, Que sentem que têm de controlar algo ou alguém completamente, senão perdem a cabeça. Idiotas egocêntricos com tendências psicopáticas.
Há os que acham que me vão conseguir converter. Mudar, conter. Tenho pena dos que não aceitam que eu nunca serei um animal manso e doméstico.
Há os que apenas me querem momentaneamente. De vez em quando. Apenas gostam de brincar comigo e eu não teria problema com isso se eles fossem honestos. Mas não o são, são reservados, calados e manipuladores, aborrecidos por natureza de tudo e de todos, e nada para eles funciona se eles não tiverem o poder de dar quando querem e de tirar quando for esse o seu desejo.
Há os insanamente teimosos.
Há os que pedem muito mais do aquilo que eu lhes posso oferecer. A nível emocional, claro. E que não se conformam com aquilo que eu, de facto, lhes ofereço.
Há os que nunca tencionam ficar muito tempo num sítio, numa pessoa, num tempo. Dentro destes há os que são honestos quanto a isso, que eu respeito e admiro, e os idiotas, a quem os sentimentos das pessoas são irrelevantes.
Há os intelectuais, que têm gostos muito próprios, opiniões que me elevam, Criaturas adoráveis, mas também muito míticas. No que toca a estes tipos de homens, olha-se ao longe, como numa montra, mas não se compra nada. Porque para contrabalancear a perfeição intelectual há uma imperfeição física ou até psicológica extremamente irritante.
E depois há-os como ele foi. Criaturas muito nobres e martirizadas, que acham que têm de ser perfeitas e que tentam sê-lo, física e psicologicamente. Criaturas que nunca fariam o meu género até eu me render a uma delas. Moderadamente honestas, que fazem muita pressão em si mesmas, que perdem a cabeça com questões emocionais, que são demasiado sensíveis e que estarão sempre presas num determinado período da sua vida. Nunca serão mais do que miúdos brincalhões, por muito que cresçam e por muito maduros que se considerem. Criaturas com muitos amigos, mas que se sentem infinitamente sozinhas. Criaturas que se acham incompreendidas. Criaturas que eu vejo, agora, serem tão patéticas e pecadoras como eu, mas que conseguiam fingir que eram membros úteis e quase cavalheirescos da sociedade, com o seu altruísmo e nobreza infinitos. São tão egoístas e egocêntricos como eu, só que de uma maneira mais dissimulada. Acham, no seu íntimo, que são melhores do que todos, mas não passam de vermes sem mente própria e com a mania das grandezas.
Credo, a amargura e o desdém nas minhas palavras! Diga-se ainda que estes, os mártires, não passando de bebés chorões, elevam-se nos maiores pedestais morais, apenas para acabarem por ser tão mentirosos e manipuladores como eu. Os meus padrões morais não são muito altos, como sabeis.
Faltam imensos tipos de homens, meus caros amigos. No entanto, talvez deva deixar este assunto descansar e voltar a ele uma próxima vez que me ache tão agastada e amargurada como hoje. Os rapazes cansam-me, meus caros! Cansam-me por não serem honestos, ou por o serem demais, por não ficarem e por quererem ficar, por me quererem alterar ou por se quererem alterar a eles mesmos, por pedirem a mais ou a menos, por estarem aquém de terem um cérebro funcional ou por terem um demasiado funcional, por perceberem demais e por não perceberem de todo, por serem ocos ou demasiado cheios,...
Enfim, por serem pessoas e por eu ter de lidar com eles. Por serem e não serem exatamente como eu queria que eles fossem. Portanto, eu pergunto: para quê? Para quê gastar a minha beleza e juventude a tentar encontrar um rapaz que será uma mera repetição de algum que eu já conheci, que me gastará até ao osso, que fará de mim cansada e/ou destruída, que me fará mudar quando eu já gosto do que sou, que nunca será suficiente em nenhum parâmetro para me preencher?
Para nada. Prefiro poder respirar fundo e descansar, ter tempo para estudar e para me divertir e não ter de pôr na minha agenda cheia outra tarefa, que seria ter de lidar com um homem, que requer atenção, amor e cuidado que eu já não tenho há muito tempo.
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