O Ridículo
Uma apatia sem limites atacou-me. Estou num daqueles humores corrosivos, em que tudo é de uma ironia imensa e em que a minha única vontade é atacar com sarcasmo todos os que me rodeiam.
Além disso, é fácil, tendo em conta que todos os que me rodeiam são dotados de uma ignorância abundante e/ou de uma credibilidade triste.
Meus caros amigos, lamento informar-vos, mas o amor não existe. Que raio, porque diabo é que existiria? As pessoas, particularmente, nós, queridos e ignorantes adolescentes, chamam amor àquela sensação de nervosismo exaustivo que se dá quando nos apaixonamos. Sim, aceito o conceito de nos apaixonarmos. Porque essa sensação é isso mesmo e nada mais: paixão. As palmas suadas, a dor de barriga, o coração a bater a mil e o pensamento de que nunca na vida pensaremos em mais nada que não a pessoa em que pensamos. Redundâncias e clichés em todo o lado.
Ora, meus caros, essa sensação desaparece. Lamento. E sobram duas hipóteses: ou se acaba a relação ou não. Os que acabam as relações são como eu, verdadeiros céticos ou verdadeiros indecisos, os que sabem que o amor não existe ou os que não sabem de nada e apenas procuram o tal amor infinito, ficando frustrados de cada vez que não funciona. Aqueles que procuram incessantemente uma vida em conjunto, essencialmente porque não sabem ser um todo sozinhos. Essencialmente porque os filmes Disney lhes retorceram a mente ao ponto de os pobre coitados serem forçados a acreditar que existem finais felizes e amores que duram uma vida e príncipes de cavalos brancos, e castelos e que se cantarem uma musiquinha um desses espécimes perfeitos irá aparecer do nada.
Por fim, existem os que não acabam as relações. Na minha mente estes são ainda piores.
Depois das chamas da paixão cessarem, sobra... Bem, sobram as memórias de uma relação, de momentos, de felicidades, seja lá isso o que for. Sobra a memória do quanto se esteve apaixonado. E sobra, por vezes, a amizade. E os seres humanos são fracos. Portanto, preferem conformar-se com relações longas, em que são amigos, cúmplices, em que estão confortáveis e habituados um ao outro, em que continuam a relação tendo em mente o quão apaixonados estavam pela pessoa ao seu lado, mesmo que no momento atual estejam a ganhar um tédio absoluto por ela.
Preferem abraçar o confortável, o fácil, mesmo que isso os faça infelizes. Quão ridículo é isto?!
Meus caros, o ser humano não foi feito para a treta do amor eterno e único. Não foi feito para relações longas, para monogamia! Somos animais. Meros animais, que servem para se reproduzirem. A diferença de nós para cães, é que temos um cérebro complexo o suficiente para nos permitir romantizar as cenas mais simples. Portanto, relações ''sérias'' (ou seja, castradoras), tornam-nos meros animais domésticos, infelizes e com coleiras apertadas. Analogia muito feliz, esta.
Ainda por cima com esta idade! Esta idade, senhora de Fátima, tão abençoada e maravilhosa, em que ainda não fizemos nada e temos tanto pela frente! E, no entanto, passamo-la a obcecar sobre homens! Homens que não merecem o título de homens, meninos, rapazes, miúdos, crianças! Porquê? Porquê o querer crescer tão depressa?
Podemos divertir-nos tanto nesta idade, explorar o indefinido, apaixonarmo-nos doidamente, pelas sensações, pelas cores, pela vida. E, claro, ter as nossas quantas paixões, que são inevitáveis e não matam ninguém, a partir do momento em que são simples, intensas, breves e fáceis de desprender.
Assim que há compromissos, ou exigências ou seriedade, tudo é uma treta! Porque raio queremos nós ser adultos e viver relações aborrecidas com pessoas que nos provocam mais tédio do que felicidade, se podemos ser livres e, mesmo assim, apaixonados?
Não consigo mesmo compreender porque haveria alguém, ainda por cima alguém da nossa idade, de querer deitar fora esta beleza da vida, esta liberdade infinita, esta felicidade espontânea. E pelo quê? Por umas semanas de paixão? Por umas horas de prazer que obteríamos mesmo que não estivéssemos numa relação? Por uma dúzia de promessas que serão quebradas? Por alguns olhares e sorrisos apaixonados que obteríamos mesmo que não estivéssemos numa relação? Por algumas conversas melosas e desonestas? Por, no fim, porque haverá um fim, nos sentirmos a cair num desespero infinito?
Sabemos que as hormonas nos dão cabo do sistema. E que, portanto, a paixão é dez mil vezes mais forte. E, da mesma forma, a dor, o tal ''coração partido'', se bem que o coração não pode partir porque é um músculo e não um osso, vai parecer mil vezes mais forte do que realmente é. É apenas uma dorzita no orgulho, umas mini saudades, mas vai parecer o fim do mundo. Porque não somos mais do que humanos em evolução, mini homens das cavernas, amostras de seres humanos, não merecendo o título de pessoas ainda, cujas emoções são alteradas, amplificadas, pelas nossas amigas hormonas.
Estamos em expansão de cérebro, de corpo, de alma. Podíamos estar a trabalhar na nossa cultura, na nossa imensa inteligência (que se **** quem diz que somos uma geração perdida), podíamos correr à volta do mundo, fazer-nos de trapezistas e contorcionistas, podíamos aprender mil e uma coisas, podíamos dar a volta ao mundo e cultivar o nosso espírito, a nossa moral. Podíamos encher a nossa vida. Mas não. Preferimos ser ordinários (no sentido em que somos vulgares), não sair do nosso cubículo, da nossa terra pequena, e cair constantemente numa qualquer relação atroz e patética, que nos vai fazer mal seja de que maneira for. Até que eventualmente casamos com um idiota qualquer que odiamos demasiado cedo, porque estávamos à procura do amor eterno.
Por amor de Deus, isto não é um filme Disney! Aceitem o racional: o amor não existe! Apaixonem-se quantas vezes puderem, tenham momentos românticos incríveis, adorem a vida com ou sem paixões.
E, principalmente, vão-se embora a partir do momento em que a paixão de uma relação se apaga, e em que tudo o que sobra são cinzas, memórias e preguiça. Vão-se embora a partir do momento em que se ''tem de resolver as coisas''. Temos a idade que temos, por amor de Deus, porque temos de resolver as coisas? Não temos! Temos é de viajar para outra aventura, uma que nos divirta igualmente ou mais, uma que nos faça crescer e aprender. Aprender a sério, não é aprender os meandros da lamechice e das relações falhadas.
Não se prendam nunca. Mas, se tiverem que se prender, se forem um desses espíritos patéticos que não sabem funcionar sozinhos, que não sabem ser sozinhos, prendam-se o mais tarde possível. Nos vossos 30 anos, pelo menos. Até lá somos demasiado novos, temos demasiado para experimentar, demasiado para nos divertir. Temos de criar uma carreira maravilhosa, e ao mesmo tempo festejar até cair.
Viver a vida! Que cliché horrível e magnífico! Portanto, porquê os sacrifícios, porquê manter relações que não funcionam? A vida é demasiado bela e a nossa juventude é demasiado curta para ser passada noutra coisa que não a divertirmo-nos. A esperança média de vida em portugal é de cerca de 80 anos, certo? Então, porque raio haveríamos de passar mais de metade da nossa vida agarrados a uma só pessoa e a outra metade agarradas a mil de cada vez à procura dessa tal personagem?
Além disso, é fácil, tendo em conta que todos os que me rodeiam são dotados de uma ignorância abundante e/ou de uma credibilidade triste.
Meus caros amigos, lamento informar-vos, mas o amor não existe. Que raio, porque diabo é que existiria? As pessoas, particularmente, nós, queridos e ignorantes adolescentes, chamam amor àquela sensação de nervosismo exaustivo que se dá quando nos apaixonamos. Sim, aceito o conceito de nos apaixonarmos. Porque essa sensação é isso mesmo e nada mais: paixão. As palmas suadas, a dor de barriga, o coração a bater a mil e o pensamento de que nunca na vida pensaremos em mais nada que não a pessoa em que pensamos. Redundâncias e clichés em todo o lado.
Ora, meus caros, essa sensação desaparece. Lamento. E sobram duas hipóteses: ou se acaba a relação ou não. Os que acabam as relações são como eu, verdadeiros céticos ou verdadeiros indecisos, os que sabem que o amor não existe ou os que não sabem de nada e apenas procuram o tal amor infinito, ficando frustrados de cada vez que não funciona. Aqueles que procuram incessantemente uma vida em conjunto, essencialmente porque não sabem ser um todo sozinhos. Essencialmente porque os filmes Disney lhes retorceram a mente ao ponto de os pobre coitados serem forçados a acreditar que existem finais felizes e amores que duram uma vida e príncipes de cavalos brancos, e castelos e que se cantarem uma musiquinha um desses espécimes perfeitos irá aparecer do nada.
Por fim, existem os que não acabam as relações. Na minha mente estes são ainda piores.
Depois das chamas da paixão cessarem, sobra... Bem, sobram as memórias de uma relação, de momentos, de felicidades, seja lá isso o que for. Sobra a memória do quanto se esteve apaixonado. E sobra, por vezes, a amizade. E os seres humanos são fracos. Portanto, preferem conformar-se com relações longas, em que são amigos, cúmplices, em que estão confortáveis e habituados um ao outro, em que continuam a relação tendo em mente o quão apaixonados estavam pela pessoa ao seu lado, mesmo que no momento atual estejam a ganhar um tédio absoluto por ela.
Preferem abraçar o confortável, o fácil, mesmo que isso os faça infelizes. Quão ridículo é isto?!
Meus caros, o ser humano não foi feito para a treta do amor eterno e único. Não foi feito para relações longas, para monogamia! Somos animais. Meros animais, que servem para se reproduzirem. A diferença de nós para cães, é que temos um cérebro complexo o suficiente para nos permitir romantizar as cenas mais simples. Portanto, relações ''sérias'' (ou seja, castradoras), tornam-nos meros animais domésticos, infelizes e com coleiras apertadas. Analogia muito feliz, esta.
Ainda por cima com esta idade! Esta idade, senhora de Fátima, tão abençoada e maravilhosa, em que ainda não fizemos nada e temos tanto pela frente! E, no entanto, passamo-la a obcecar sobre homens! Homens que não merecem o título de homens, meninos, rapazes, miúdos, crianças! Porquê? Porquê o querer crescer tão depressa?
Podemos divertir-nos tanto nesta idade, explorar o indefinido, apaixonarmo-nos doidamente, pelas sensações, pelas cores, pela vida. E, claro, ter as nossas quantas paixões, que são inevitáveis e não matam ninguém, a partir do momento em que são simples, intensas, breves e fáceis de desprender.
Assim que há compromissos, ou exigências ou seriedade, tudo é uma treta! Porque raio queremos nós ser adultos e viver relações aborrecidas com pessoas que nos provocam mais tédio do que felicidade, se podemos ser livres e, mesmo assim, apaixonados?
Não consigo mesmo compreender porque haveria alguém, ainda por cima alguém da nossa idade, de querer deitar fora esta beleza da vida, esta liberdade infinita, esta felicidade espontânea. E pelo quê? Por umas semanas de paixão? Por umas horas de prazer que obteríamos mesmo que não estivéssemos numa relação? Por uma dúzia de promessas que serão quebradas? Por alguns olhares e sorrisos apaixonados que obteríamos mesmo que não estivéssemos numa relação? Por algumas conversas melosas e desonestas? Por, no fim, porque haverá um fim, nos sentirmos a cair num desespero infinito?
Sabemos que as hormonas nos dão cabo do sistema. E que, portanto, a paixão é dez mil vezes mais forte. E, da mesma forma, a dor, o tal ''coração partido'', se bem que o coração não pode partir porque é um músculo e não um osso, vai parecer mil vezes mais forte do que realmente é. É apenas uma dorzita no orgulho, umas mini saudades, mas vai parecer o fim do mundo. Porque não somos mais do que humanos em evolução, mini homens das cavernas, amostras de seres humanos, não merecendo o título de pessoas ainda, cujas emoções são alteradas, amplificadas, pelas nossas amigas hormonas.
Estamos em expansão de cérebro, de corpo, de alma. Podíamos estar a trabalhar na nossa cultura, na nossa imensa inteligência (que se **** quem diz que somos uma geração perdida), podíamos correr à volta do mundo, fazer-nos de trapezistas e contorcionistas, podíamos aprender mil e uma coisas, podíamos dar a volta ao mundo e cultivar o nosso espírito, a nossa moral. Podíamos encher a nossa vida. Mas não. Preferimos ser ordinários (no sentido em que somos vulgares), não sair do nosso cubículo, da nossa terra pequena, e cair constantemente numa qualquer relação atroz e patética, que nos vai fazer mal seja de que maneira for. Até que eventualmente casamos com um idiota qualquer que odiamos demasiado cedo, porque estávamos à procura do amor eterno.
Por amor de Deus, isto não é um filme Disney! Aceitem o racional: o amor não existe! Apaixonem-se quantas vezes puderem, tenham momentos românticos incríveis, adorem a vida com ou sem paixões.
E, principalmente, vão-se embora a partir do momento em que a paixão de uma relação se apaga, e em que tudo o que sobra são cinzas, memórias e preguiça. Vão-se embora a partir do momento em que se ''tem de resolver as coisas''. Temos a idade que temos, por amor de Deus, porque temos de resolver as coisas? Não temos! Temos é de viajar para outra aventura, uma que nos divirta igualmente ou mais, uma que nos faça crescer e aprender. Aprender a sério, não é aprender os meandros da lamechice e das relações falhadas.
Não se prendam nunca. Mas, se tiverem que se prender, se forem um desses espíritos patéticos que não sabem funcionar sozinhos, que não sabem ser sozinhos, prendam-se o mais tarde possível. Nos vossos 30 anos, pelo menos. Até lá somos demasiado novos, temos demasiado para experimentar, demasiado para nos divertir. Temos de criar uma carreira maravilhosa, e ao mesmo tempo festejar até cair.
Viver a vida! Que cliché horrível e magnífico! Portanto, porquê os sacrifícios, porquê manter relações que não funcionam? A vida é demasiado bela e a nossa juventude é demasiado curta para ser passada noutra coisa que não a divertirmo-nos. A esperança média de vida em portugal é de cerca de 80 anos, certo? Então, porque raio haveríamos de passar mais de metade da nossa vida agarrados a uma só pessoa e a outra metade agarradas a mil de cada vez à procura dessa tal personagem?
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