A minha fuga
- Como queres que seja o resto da tua vida? - perguntaram-me os olhos frios dela.
Subitamente o meu plano de fuga delineou-se na minha cabeça.
Assustei-me com a minha própria vontade, com a rapidez com que a ideia de fugir se desenhou em mim. Não era uma ideia que eu pensaria em concretizar, claro. Por muito terrível que me sentisse nuns dias, tinha sempre presente na mente que eram meras fases. Que se dissolveriam com as horas, com os dias.
Mas não queria pensar nisso. Queria pensar no meu cabelo a esvoaçar com um vento morno do Sul, enquanto eu fitava as gândolas de uma ponte de pedra. Queria pensar nos meus olhos maravilhados a fitar o impensável fogo de artifício que parecia explodir nas mãos da Estátua da Liberdade. Queria pensar nos meus pés, a subir as escadas de um antigo palácio inca, de um qualquer castelo europeu. Queria pensar nas minhas mãos a tocar em todas as texturas, em todas as temperaturas. Queria pensar no quanto quero viver, de uma forma explosiva, vibrante e impossível.
Podia fazer as malas agora. Fugir esta noite. Podia esperar até daqui a um ano, até daqui a alguns anos. Fazer malas pequenas, que levassem apenas o suficiente para sobreviver. Apanhar um barco, um avião, um comboio, o meio de transporte mais à mão, e sair desta terra que me sufoca, para sempre. Eventualmente atravessar a fronteira, e sair deste país que me viu nascer, por muito tempo.
Começaria por passar por Madrid e por Barcelona. Deliciar-me-ia com os maravilhosos sons daquelas cidades perdidas, com as suas enormes e modernas estruturas. E depois, partiria outra vez. Viveria, talvez, um ano em Paris, num apartamento em ruínas. Nunca precisei de muito, só de calma e solidão. E estaria, realmente, finalmente, eternamente, sozinha. Choraria sempre que ouvisse os sinos de Notre Dame, perder-me-ia sempre que enfrentasse o esplendor do Arco do Triunfo.
E depois partiria. Apanharia um cruzeiro que me levasse direta a Inglaterra. Mas antes disso, antes de assentar algures em Londres, fugiria até à Escócia, até ao País de Gales, até à Irlanda. Ouviria a popular música irlandesa, deixaria a minha alma nos enormes vales verdes que se prolongam até ao infinito.
Depois ficaria um tempo a ver o Big Ben todos os dias, e a passar pelo rio Tamisa. Tenho a certeza de que me apaixonaria pela cidade e que decidiria que, talvez, pudesse ficar lá, para sempre. Mas o meu instável espírito não o permitiria. Nem uma cidade como Londres me podia prender.
Partiria de novo, eventualmente. E atravessaria a Europa, visitaria todos os pormenores de todos os países, até à exaustão. E quando já tivesse descoberto tudo o que havia para descobrir neste continente maravilhoso, e depois de o ter registado, com a mente e com a palavra escrita, partiria para outro.
Visitaria todos os estados dos EUA, veria os céus de Montana, os arranha-céus de Nova Iorque, atravessaria o calor da Califórnia, os sotaques do Texas, as estátuas das Dakotas e das Carolinas.
Visitaria o belo Canadá durante o Inverno, quando a neve caísse como lágrimas. E depois visitaria o México, a Argentina, a Bolívia, a Colômbia. Sorriria com a hospitalidade, pensaria nas antigas civilizações quando visitasse as suas ruínas, imaginaria mil e um confrontos antigos, dançaria até cair música latina e comeria a gastronomia tão picante, que me faria lacrimejar.Até que o meu coração pedisse por outra aventura, outro continente.
E aí, partiria para a Oceânia. Ouviria a ópera de Sidney. Mergulharia nas águas do Pacífico e veria os corais. Perder-me-ia no sotaque australiano, nos gritos do deserto, na beleza eterna de um continente que é tão primitivo como civilizado.
Mais uma vez, partiria. Não sei quanto tempo demoraria a perceber que precisava de fugir, mas eventualmente, fá-lo-ia.
E chegaria à Ásia. Começaria pelo Japão. E aí ficaria pouco tempo, porque sou uma pessoa instável, mas detesto uma terra que é ainda mais instável que eu. Ficaria apenas o suficiente para me encher com a honra japonesa. De seguida, estaria na China. Choraria lágrimas admiradas quando fitasse a Grande Muralha. Quando visse as amendoeiras em flor e me perdesse nos provérbios, na Cidade Proibida de Pequim, nos enormes palácios. Quando me perdesse nas multidões. Depois passaria pela Tailândia, e pela Índia. Aí aprenderia a orar de uma forma completamente diferente. Aprendia a ser, realmente, espiritual. Visitaria o Afeganistão, Israel. Veria os estragos de países para sempre em guerra.
Passaria para a África com o coração bêbado de esperança. Visitaria as pirâmides do Egito, as cores infinitas de Marrocos, os palácios da Arábia Saudita, as praias de Cabo Verde. Pararia em Angola, apenas para, por uns dias, ouvir de novo a língua que tanto adoro. E, por fim, iria para África do Sul, para ver o sítio que o melhor homem do mundo tanto amou.
Finalmente, quando tivesse a certeza que repirara todos os ares puros, todos os cheiros de flores e de comida, quando tivesse a certeza de que provara toda essa comida fantástica, de que me embebedara leve e docemente vezes suficientes, quanto tivesse a certeza de que chorara lágrimas de saudades, de admiração, de pura felicidade vezes suficientes, quando tivesse a certeza de que já vira tudo o que tinha a ver, quando tivesse a certeza de que já ouvira todas as músicas, de que já ouvira todas as línguas, todas as palavras a serem ditas, de que já tinha tocado em pessoas suficientes, em texturas, em objetos, em palácios suficientes, quando tivesse a certeza de que já vivera uma vida fantástica, de que já se maravilhara vezes suficientes, de que já se apaixonara violentamente várias vezes, de que já escrevera todas as palavras a serem escritas, voltaria para o país que deixara.
Voltaria, de braços abertos, de sorriso eterno, onde já se notavam as rugas da velhice. Publicaria os seus livros. E assentaria. Quando tivesse a certeza de que já tinha feito tudo, de que já tinha experimentado tudo. Quando tivesse a certeza de que estava ali para ficar.
Aí, sim, dedicar-me-ia a conhecer um homem com o qual envelheceria e morreria. Dedicar-me-ia a adotar uma criança para me proporcionar a única experiência a que não me tinha sujeito.
E dedicar-me-ia a passar os meus dias a cuidar de um jardim, de uma família, de mim, de uma casa. Enquanto passaria as suas noites a fitar apaixonada e sonhadoramente a ponte D.Luís. A fitar o céu estrelado, a imaginar as aventuras que poderia ter na Lua, a ouvir as belas letras de uma qualquer música calma e sonolenta.
Até ao dia da minha morte, em que fecharei os olhos para sempre. E que se escreva na minha lápide: ''Fui o ser humano mais feliz que já alguma vez existiu. Para sempre fugitiva.'' E depois um qualquer poema de Fernando Pessoa, Florbela Espanca ou Alexandre O'neil.
Saberia que vivi a vida mais rica, mais imortal, que se pode querer. E morrerei cheia, feliz. Morrerei imortal. Porque fugi àquilo que parece inevitável: acabarmos por ser sufocados pelas nossas raízes, pelas nossas famílias, pelas pessoas por quem nos apaixonamos, caindo no tédio, na mediocridade, e eventualmente morrendo tão impossivelmente entediados com a vida que a morte é um alívio. Eu não posso ser assim. Nasci um espírito livre. Não fui feita para viver toda a vida com uma rotina, um emprego aborrecido, um só homem que eventualmente deixarei de amar, uma só terra ou cidade, um só país. Serei sufocada. Toda a minha genialidade será sufocada. Morrerei por dentro aos 30 e de facto aos 50. Porque acredito que a infelicidade mata. E, para mim, um espírito genial, livre e impossível de domar, ser sufocada e obrigada a ser ordinária, vulgar, nada de especial, casando com um qualquer idiota, tendo os filhos dele e tendo um emprego em que não ganho o que mereço, seria o mesmo que me dar um tiro no cérebro e outro no coração.
Portanto, como quero viver o resto da minha vida? A fugir até estar livre. E, depois, a viver, a viver a sério, como muitos não sabem fazer. A respirar fundo, a passar as noites de insónia numa qualquer varanda a ouvir os sons de uma cidade a dormir. A escrever até me doerem os dedos. A fitar um milhão de vezes os olhos do homem que me fará feliz naquele momento. A voltar a acreditar o amor. A partir o meu coração um milhão de vezes e a acreditar um milhão de vezes que descobri o tal amor de que se fala, o que é suposto durar a vida inteira. A rir até me doer a barriga.
E, depois, quando estiver já exausta, cansada e com saudades de casa, voltar para a minha cama, sempre acolhedora e para os braços da juventude que deixei ali e nos braços dos meus pais.
Aí, assentar, viver as minhas últimas décadas. Conhecer um homem bom. Depois de toda a maldade que vira no mundo, a bondade é já suficiente. Educar uns olhos brilhantes, que me olharão com admiração, e, com alguma sorte, amor.
Ser uma fugitiva, uma sobrevivente, uma verdadeira viajante, amante, sábia.
Encolhi os ombros.
- Quero ter uma boa carreira. - Respondi simplesmente, com um tom neutro.
Porque a verdade é que tudo que eu quero fazer pede dinheiro que não tenho. Determinação e autonomia que não tenho.
Os sonhos não são mais do que isso, sonhos.
Subitamente o meu plano de fuga delineou-se na minha cabeça.
Assustei-me com a minha própria vontade, com a rapidez com que a ideia de fugir se desenhou em mim. Não era uma ideia que eu pensaria em concretizar, claro. Por muito terrível que me sentisse nuns dias, tinha sempre presente na mente que eram meras fases. Que se dissolveriam com as horas, com os dias.
Mas não queria pensar nisso. Queria pensar no meu cabelo a esvoaçar com um vento morno do Sul, enquanto eu fitava as gândolas de uma ponte de pedra. Queria pensar nos meus olhos maravilhados a fitar o impensável fogo de artifício que parecia explodir nas mãos da Estátua da Liberdade. Queria pensar nos meus pés, a subir as escadas de um antigo palácio inca, de um qualquer castelo europeu. Queria pensar nas minhas mãos a tocar em todas as texturas, em todas as temperaturas. Queria pensar no quanto quero viver, de uma forma explosiva, vibrante e impossível.
Podia fazer as malas agora. Fugir esta noite. Podia esperar até daqui a um ano, até daqui a alguns anos. Fazer malas pequenas, que levassem apenas o suficiente para sobreviver. Apanhar um barco, um avião, um comboio, o meio de transporte mais à mão, e sair desta terra que me sufoca, para sempre. Eventualmente atravessar a fronteira, e sair deste país que me viu nascer, por muito tempo.
Começaria por passar por Madrid e por Barcelona. Deliciar-me-ia com os maravilhosos sons daquelas cidades perdidas, com as suas enormes e modernas estruturas. E depois, partiria outra vez. Viveria, talvez, um ano em Paris, num apartamento em ruínas. Nunca precisei de muito, só de calma e solidão. E estaria, realmente, finalmente, eternamente, sozinha. Choraria sempre que ouvisse os sinos de Notre Dame, perder-me-ia sempre que enfrentasse o esplendor do Arco do Triunfo.
E depois partiria. Apanharia um cruzeiro que me levasse direta a Inglaterra. Mas antes disso, antes de assentar algures em Londres, fugiria até à Escócia, até ao País de Gales, até à Irlanda. Ouviria a popular música irlandesa, deixaria a minha alma nos enormes vales verdes que se prolongam até ao infinito.
Depois ficaria um tempo a ver o Big Ben todos os dias, e a passar pelo rio Tamisa. Tenho a certeza de que me apaixonaria pela cidade e que decidiria que, talvez, pudesse ficar lá, para sempre. Mas o meu instável espírito não o permitiria. Nem uma cidade como Londres me podia prender.
Partiria de novo, eventualmente. E atravessaria a Europa, visitaria todos os pormenores de todos os países, até à exaustão. E quando já tivesse descoberto tudo o que havia para descobrir neste continente maravilhoso, e depois de o ter registado, com a mente e com a palavra escrita, partiria para outro.
Visitaria todos os estados dos EUA, veria os céus de Montana, os arranha-céus de Nova Iorque, atravessaria o calor da Califórnia, os sotaques do Texas, as estátuas das Dakotas e das Carolinas.
Visitaria o belo Canadá durante o Inverno, quando a neve caísse como lágrimas. E depois visitaria o México, a Argentina, a Bolívia, a Colômbia. Sorriria com a hospitalidade, pensaria nas antigas civilizações quando visitasse as suas ruínas, imaginaria mil e um confrontos antigos, dançaria até cair música latina e comeria a gastronomia tão picante, que me faria lacrimejar.Até que o meu coração pedisse por outra aventura, outro continente.
E aí, partiria para a Oceânia. Ouviria a ópera de Sidney. Mergulharia nas águas do Pacífico e veria os corais. Perder-me-ia no sotaque australiano, nos gritos do deserto, na beleza eterna de um continente que é tão primitivo como civilizado.
Mais uma vez, partiria. Não sei quanto tempo demoraria a perceber que precisava de fugir, mas eventualmente, fá-lo-ia.
E chegaria à Ásia. Começaria pelo Japão. E aí ficaria pouco tempo, porque sou uma pessoa instável, mas detesto uma terra que é ainda mais instável que eu. Ficaria apenas o suficiente para me encher com a honra japonesa. De seguida, estaria na China. Choraria lágrimas admiradas quando fitasse a Grande Muralha. Quando visse as amendoeiras em flor e me perdesse nos provérbios, na Cidade Proibida de Pequim, nos enormes palácios. Quando me perdesse nas multidões. Depois passaria pela Tailândia, e pela Índia. Aí aprenderia a orar de uma forma completamente diferente. Aprendia a ser, realmente, espiritual. Visitaria o Afeganistão, Israel. Veria os estragos de países para sempre em guerra.
Passaria para a África com o coração bêbado de esperança. Visitaria as pirâmides do Egito, as cores infinitas de Marrocos, os palácios da Arábia Saudita, as praias de Cabo Verde. Pararia em Angola, apenas para, por uns dias, ouvir de novo a língua que tanto adoro. E, por fim, iria para África do Sul, para ver o sítio que o melhor homem do mundo tanto amou.
Finalmente, quando tivesse a certeza que repirara todos os ares puros, todos os cheiros de flores e de comida, quando tivesse a certeza de que provara toda essa comida fantástica, de que me embebedara leve e docemente vezes suficientes, quanto tivesse a certeza de que chorara lágrimas de saudades, de admiração, de pura felicidade vezes suficientes, quando tivesse a certeza de que já vira tudo o que tinha a ver, quando tivesse a certeza de que já ouvira todas as músicas, de que já ouvira todas as línguas, todas as palavras a serem ditas, de que já tinha tocado em pessoas suficientes, em texturas, em objetos, em palácios suficientes, quando tivesse a certeza de que já vivera uma vida fantástica, de que já se maravilhara vezes suficientes, de que já se apaixonara violentamente várias vezes, de que já escrevera todas as palavras a serem escritas, voltaria para o país que deixara.
Voltaria, de braços abertos, de sorriso eterno, onde já se notavam as rugas da velhice. Publicaria os seus livros. E assentaria. Quando tivesse a certeza de que já tinha feito tudo, de que já tinha experimentado tudo. Quando tivesse a certeza de que estava ali para ficar.
Aí, sim, dedicar-me-ia a conhecer um homem com o qual envelheceria e morreria. Dedicar-me-ia a adotar uma criança para me proporcionar a única experiência a que não me tinha sujeito.
E dedicar-me-ia a passar os meus dias a cuidar de um jardim, de uma família, de mim, de uma casa. Enquanto passaria as suas noites a fitar apaixonada e sonhadoramente a ponte D.Luís. A fitar o céu estrelado, a imaginar as aventuras que poderia ter na Lua, a ouvir as belas letras de uma qualquer música calma e sonolenta.
Até ao dia da minha morte, em que fecharei os olhos para sempre. E que se escreva na minha lápide: ''Fui o ser humano mais feliz que já alguma vez existiu. Para sempre fugitiva.'' E depois um qualquer poema de Fernando Pessoa, Florbela Espanca ou Alexandre O'neil.
Saberia que vivi a vida mais rica, mais imortal, que se pode querer. E morrerei cheia, feliz. Morrerei imortal. Porque fugi àquilo que parece inevitável: acabarmos por ser sufocados pelas nossas raízes, pelas nossas famílias, pelas pessoas por quem nos apaixonamos, caindo no tédio, na mediocridade, e eventualmente morrendo tão impossivelmente entediados com a vida que a morte é um alívio. Eu não posso ser assim. Nasci um espírito livre. Não fui feita para viver toda a vida com uma rotina, um emprego aborrecido, um só homem que eventualmente deixarei de amar, uma só terra ou cidade, um só país. Serei sufocada. Toda a minha genialidade será sufocada. Morrerei por dentro aos 30 e de facto aos 50. Porque acredito que a infelicidade mata. E, para mim, um espírito genial, livre e impossível de domar, ser sufocada e obrigada a ser ordinária, vulgar, nada de especial, casando com um qualquer idiota, tendo os filhos dele e tendo um emprego em que não ganho o que mereço, seria o mesmo que me dar um tiro no cérebro e outro no coração.
Portanto, como quero viver o resto da minha vida? A fugir até estar livre. E, depois, a viver, a viver a sério, como muitos não sabem fazer. A respirar fundo, a passar as noites de insónia numa qualquer varanda a ouvir os sons de uma cidade a dormir. A escrever até me doerem os dedos. A fitar um milhão de vezes os olhos do homem que me fará feliz naquele momento. A voltar a acreditar o amor. A partir o meu coração um milhão de vezes e a acreditar um milhão de vezes que descobri o tal amor de que se fala, o que é suposto durar a vida inteira. A rir até me doer a barriga.
E, depois, quando estiver já exausta, cansada e com saudades de casa, voltar para a minha cama, sempre acolhedora e para os braços da juventude que deixei ali e nos braços dos meus pais.
Aí, assentar, viver as minhas últimas décadas. Conhecer um homem bom. Depois de toda a maldade que vira no mundo, a bondade é já suficiente. Educar uns olhos brilhantes, que me olharão com admiração, e, com alguma sorte, amor.
Ser uma fugitiva, uma sobrevivente, uma verdadeira viajante, amante, sábia.
Encolhi os ombros.
- Quero ter uma boa carreira. - Respondi simplesmente, com um tom neutro.
Porque a verdade é que tudo que eu quero fazer pede dinheiro que não tenho. Determinação e autonomia que não tenho.
Os sonhos não são mais do que isso, sonhos.
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