Paz
Cheguei à fase da paz. Não há nada em mim que não seja paz, resignação. A batalha infindável que durou uma quantidade de tempo ridícula e a mais terminou. A pessoa que eu fui em todo aquele tempo terminou, cessou.
Estou feliz por ter chegado a um ponto da minha vida em que já não há nada a temer, nada por fazer, nada por dizer. Não há passado, não há presente, há apenas futuro, um futuro que, para já, parece promissor. Infelizmente tudo isso seca-me a veia artística, o que me vai obrigar a escrever ficção e não seja o que for verídico nos próximos tempos. Mas creio que não faz mal, a minha liberdade, aquela porque eu tanto ansiei chegou. Estou livre. E aquele assunto fechou-se para sempre.
Perguntei-me muitas vezes qual seria a sensação, esta sensação que agora nasce no meu peito, de fim, de esquecimento. Das outras vezes eu simplesmente transferira a fixação de uma pessoa para outra, mas desta vez isso não foi possível, o que me obrigou a lidar com o problema. Obrigou-me a enfrentar-me, e fez-me perceber que sou o meu maior adversário. Mas ganhei-me. Em todos os sentidos. Não só ganhei a batalha contra a outra faceta de mim mesma, como me recuperei, recuperei a pessoa que eu era antes da mágoa e da solidão.
Tudo isto me leva a ansiar pelo novo ano, por todas as sensações e experiências que ele me possa trazer. Posso finalmente livrar-me de todas as vibrações negativas, de toda a velhice. Estou a rejuvenescer, e sinto que não há nada que me consiga parar, que me consiga atenuar. Sou eu, explosiva, entusiasmada, jovem, outra vez, como já não era há uma eternidade, como já não era desde que há mais tempo do que quero admitir, o verão se transformou em outono e eu transformei-me numa prisioneira da sociedade. Passado mais de um ano, finalmente recuperei a pessoa que era antes disso.
Nada nem ninguém consegue entrar neste meu transe de felicidade.
Estou finalmente em paz.
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