Dignidade
Fitou as unhas da cor do sangue que constrastavam com a pele branca. Sorriu inconsequentemente, o rosto carregado de autossatisfação. Sentada numa cadeira de madeira, cruzou os pés armados de tacões imponentes, em sinal de impaciência. O ecrã do computador teimava em não lhe mostrar o que ela queria. Achava ridícula aquela situação toda. Desde quando é que era que esperava, ela que ansiava? Ela era um prémio, o qual eles tinham que merecer. Sacudiu o cabelo arrogantemente. O pobre rapaz pensava que a podia domar. Pensava que conseguia ganhar jogos psicológicos com ela. Era impressionante o tamanho da ilusão em que ele se tinha mergulhado. Os olhos negros dela perscrutavam o ecrã. Ia ganhar. Por muito que a impaciência a consumisse, ia ganhar. Sentiu o estômago encolher-se. Perguntava-se se já só lhe interessava o jogo, o orgulho. Se tudo o que ele era se havia evaporado dela. Ou se o retorno da arrogância a tinha fechado. Apostava mais na segunda opção. Levantou, então, os olhos pa...