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A mostrar mensagens de dezembro, 2013

2013 ou 2014

Hoje é o penúltimo dia do ano. Esse facto singular deixa-me amarga e nostálgica. Não que 2013 tenha sido um ano que eu goste de recordar. De facto, não há nada de bom que me ocorra deste ano. Foi um ano mau. E não é que eu seja muito apologista da expressão ''ano novo, vida nova'', mas espero honestamente que assim que derem as doze badaladas eu tenha direito a um novo começo. Detesto esta época. Fico sempre com a sensação que o ano escorreu-me pelos dedos e que acabei por não fazer nada de destaque, nada que marcasse o mundo. Detesto ter que rever o ano por inteiro, ver o que pode ser melhor. Tudo pode ser melhor. Foi um ano bárbaro. Espero, então, que assim que o relógio marcar a meia-noite, eu tenha um novo começo, outra vez. Um começo livre e doce, divertido e feliz. Espero que seja um ano para mim, em que eu não esteja agarrada a prisões convencionais ou a outro qualquer tipo de pessoa. Que seja um ano em que eu prospere e conquiste. Porque este ano, este miserá...

Presentes

Querido Pai Natal, A tempestade tolda a festa, a alegria, a felicidade, o calor da lareira, os chapéus vermelhos, as músicas antiquíssimas de Natal. Lá fora a chuva já parou, mas o vento e o céu negro ameaçam explodir. Pergunto-me se é uma forma de castigar o mundo e os seres humanos por serem como são, por todos os males feitos. Pergunto-me se não o merecemos. Mas o ''jingle bells'' ressoa pela minha casa. E eu, de peito leve e sorriso doce, sinto-me uma menina outra vez, a contar as horas para a chegada da meia noite. Neste momento falta 3 horas e meia. Anseio por essa hora mágica em que todos os meus desejos se tornarão realidade só porque um velho de barbas brancas virá trazer os meus presentes. Gostaria de conseguir escrever maravilhosos textos sobre esta época. Ou então de escrever maravilhosos textos a criticar esta época. Mas creio que já toda a gente o fez, milhões e milhões de vezes. Todos sabemos o que significa, o que é, porque o é. Portanto, chega. Quer...

A Cura

Dei por mim, mais uma vez, a fitar fotografias antigas. Perguntei-me porquê que as pessoas tiravam fotografias, porquê que queriam ou guardavam recordações. Seria para que conseguissem ver quão diferentes eram naquela altura? Quão felizes ou infelizes eram? Seria para os relembrar de vidas inteiras que viveram, para imaginarem como seriam se tivessem feito uma outra escolha de outra maneira? Seria para recordar tempos felizes? Perguntei-me se não seria melhor abandonar tudo isso. Se não seria melhor deixar os fantasmas do passado onde eles pertencem, se não seria melhor esquecer tudo o que se sabe que não volta. Pergunto-me se o ser humano é alguma vez inteiramente capaz de o fazer, de virar costas ao que era e enfrentar o que é. E pergunto-me como, sem eu me aperceber, fui capaz de fazer tudo isso. Como fui capaz de esquecer-me do passado por tempo o suficiente para que o aceitasse como passado. É tudo tão diferente do que era naqueles meses em que eu julgara que era feliz. Naquele...

Estupidificação

As gotas suaves da chuva assombram o exterior e escorrem pela janela da torre mais alta do meu palácio suburbano. Estou encostada a uma almofada com o computador no colo, sem ideia mínima do que fazer. A frustração criou-se em mim sem esforço, frustração essa que, creio eu, é apenas o reflexo do meu tédio e do meu desejo de estar para sempre entediada. Entrei numa hibernação emocional. O inverno faz-me sorrir e esperar, mas a minha vontade neste momento não é essa. A minha vontade não é mais nenhuma a não ser poder deitar-me e não acordar por meses e meses. A justificação é simples: não consigo empenhar-me em nada. Daí a minha frustração. Estas férias deviam ser para eu escrever até mais não, ler todos os livros que pudesse, tratar de mim e conjeturar teorias sobre tudo o que não compreendo. Resumindo, sabia que ia ter uma férias muito exigentes a nível físico, mas quis que fossem também exigentes a nível mental. Infelizmente, há o tal problema: estou em hibernação emocional. E isso ...

O Fim - O Novo Começo

Dia 274: O Inverno aproxima-se, o Inverno que eu tanto espero que regenere o meu espírito, que o limpe e o purifique e que me torne em alguém que não é mais do que a versão mais simples e mais aperfeiçoada de mim. Será um Inverno produtivo, em que não tencionarei fazer mais do que melhorar-me, do que terminar os meus maiores projetos, limar os cantos mais rebuscados da minha mente, ser confortável, prática e feliz. Não tenho muitos impedimentos. Não tenho impedimentos de todo. Não é uma surpresa constatar que já não há nada que me proíba ou que me impeça de me transformar, de seguir com a minha vida, de me tornar num projeto interminável. Tinha (tenho) medo de mudar, porque achei que isso afastaria os sussurros do passado, que os apagaria de vez. E eu, por muito que dissesse o contrário, não queria, não estava preparada para que eles se fossem. Mas estou-o agora, sem querer, sem saber muito bem como. A verdade é que já me tinha mudado, involuntariamente. Tinha-me tornado nervosa,...

(Não) Mudanças

O profundo sentimento de agonia já não entra em mim, de algum modo. Não há qualquer sentimento que entre em mim, por sinal. A minha brilhante mente consegue apenas desesperar com o futuro, divertir-se com futilidades, sorrir com estupidezes. Consigo apenas cumprir as minhas obrigações e mal. A preguiça intelectual, emocional e física apoderou-se de mim. Não consigo escrever, ou estudar, ou simplesmente existir. Estou numa área cinzenta, num transe inoportuno. Não existe nada neste transe. É como se se tratasse de uma enorme divisão cinzenta, que nada mais tem que uma mera janela para a qual eu ouso olhar ocasionalmente. Essa janela arranca-me da preguiça, do transe, por breves momentos. Essa janela mostra momentos que criam uma tão pura nostalgia que eu sinto-me fora da minha redoma. Momentos simples, pequenos, pouco mais do que sussurros mal resolvidos. Momentos que não provocam só nostalgia, mas também um desespero inconsequente, um medo petrificante, perguntas tão ridículas quant...