Call all your lovelies
"Fala comigo mais uma vez. Pela última vez. Ajuda-me a enterrar-te. Diz-me tudo o que pensas e eu ganharei coragem para te dizer o que penso. E ficaremos por aí, pela última vez. Mas preciso de saber. Preciso de saber se te inventei, se inventei a pessoa que penso que és na minha cabeça. Preciso de saber se quando me dizes adeus se te custa. Preciso de saber se fui apenas mais uma ou se as outras é que o são.
Não te pergunto isto porque me magoa. A verdade é que não és capaz de me magoar. Preciso de saber para saber se inventei todos os teus olhares, ou a intenção por detrás deles, e se só eu fiquei com aquela noite marcada a ferros.
Portanto, fala comigo mais uma vez. Diz o que quiseres, desde que seja verdade. Diz-me como foi na tua cabeça falar comigo, e como foi ver-me todos os dias depois disso. Diz-me o que pensaste aqui e ali, e diz-me o que pensas agora.
Diz-me a verdade, e acima de tudo, diz-me que me detestas. Isso será o mais fácil de engolir. Não quero ser-te indiferente nem quero que gostes de mim, ambas essas hipóteses são inconvenientes. Diz-me que me odeias, que desde o dia X achas que sou a pior pessoa do mundo e é por isso que não olhas para mim.
Ou sou eu que não olho para ti? Os nossos desencontros de olhares são culpa tua ou minha e já algum de nós tentou resolvê-los?
Preciso que me digas tudo isto, desde que seja a verdade. A minha curiosidade evita-me de conseguir fazer de conta que já nem sei quem és. Mas preciso de fazê-lo, por mim e na verdade por ti também, porque tu tens outros olhares para encontrar e eu não quero estar no teu caminho. Precisas de encontrar quem quer que seja que procures, que eu pensei ter sido eu, pela necessidade quase cósmica de nos encontrarmos.
Tudo isso terminou, já não temos mais olhares para trocar ou mais palavras para mentir. Mas antes de não voltar a olhar para ti, preciso de saber se menti a mim mesma, como tantas vezes no passado e inventei uma personalidade que tu não tens e um afeto por mim que tu não sentes. Diz-me se sempre que me procuraste foi por conveniência ou se de facto estavas à minha procura. Diz-me se naquela noite achaste que eu era alguém ou se achaste que eu era apenas ridícula. E diz-me se todas as perigosas vezes depois dessa foram meros acasos, ou se, como eu, estavas à minha espera.
Quando não olhas para mim não sei o que pensar. Não sei se me odeias, se tens medo de rejeição ou se nem pensas em mim, e eu sou apenas mais uma na multidão. Só preciso de saber isso. Quando souber, digo-te adeus, para sempre. A minha vida está prestes a mudar e não posso deixar-me ser ancorada por ti. Por muito que o queira.
Não voltes a dar-me a mão, ou a agarrar-me a cintura, nem voltes a beijar-me a testa, ou sequer a rir-te para mim. Olha para mim só se for absolutamente necessário e mesmo aí não olhes para mim a sério, apenas como quem vê mas não repara.
A distância não ajudou, portanto o teu desprezo terá de servir. Adeus, mas por favor, fala comigo uma última vez."
Não te pergunto isto porque me magoa. A verdade é que não és capaz de me magoar. Preciso de saber para saber se inventei todos os teus olhares, ou a intenção por detrás deles, e se só eu fiquei com aquela noite marcada a ferros.
Portanto, fala comigo mais uma vez. Diz o que quiseres, desde que seja verdade. Diz-me como foi na tua cabeça falar comigo, e como foi ver-me todos os dias depois disso. Diz-me o que pensaste aqui e ali, e diz-me o que pensas agora.
Diz-me a verdade, e acima de tudo, diz-me que me detestas. Isso será o mais fácil de engolir. Não quero ser-te indiferente nem quero que gostes de mim, ambas essas hipóteses são inconvenientes. Diz-me que me odeias, que desde o dia X achas que sou a pior pessoa do mundo e é por isso que não olhas para mim.
Ou sou eu que não olho para ti? Os nossos desencontros de olhares são culpa tua ou minha e já algum de nós tentou resolvê-los?
Preciso que me digas tudo isto, desde que seja a verdade. A minha curiosidade evita-me de conseguir fazer de conta que já nem sei quem és. Mas preciso de fazê-lo, por mim e na verdade por ti também, porque tu tens outros olhares para encontrar e eu não quero estar no teu caminho. Precisas de encontrar quem quer que seja que procures, que eu pensei ter sido eu, pela necessidade quase cósmica de nos encontrarmos.
Tudo isso terminou, já não temos mais olhares para trocar ou mais palavras para mentir. Mas antes de não voltar a olhar para ti, preciso de saber se menti a mim mesma, como tantas vezes no passado e inventei uma personalidade que tu não tens e um afeto por mim que tu não sentes. Diz-me se sempre que me procuraste foi por conveniência ou se de facto estavas à minha procura. Diz-me se naquela noite achaste que eu era alguém ou se achaste que eu era apenas ridícula. E diz-me se todas as perigosas vezes depois dessa foram meros acasos, ou se, como eu, estavas à minha espera.
Quando não olhas para mim não sei o que pensar. Não sei se me odeias, se tens medo de rejeição ou se nem pensas em mim, e eu sou apenas mais uma na multidão. Só preciso de saber isso. Quando souber, digo-te adeus, para sempre. A minha vida está prestes a mudar e não posso deixar-me ser ancorada por ti. Por muito que o queira.
Não voltes a dar-me a mão, ou a agarrar-me a cintura, nem voltes a beijar-me a testa, ou sequer a rir-te para mim. Olha para mim só se for absolutamente necessário e mesmo aí não olhes para mim a sério, apenas como quem vê mas não repara.
A distância não ajudou, portanto o teu desprezo terá de servir. Adeus, mas por favor, fala comigo uma última vez."
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