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A mostrar mensagens de maio, 2015

Insanamente

Não pode ser. Não. Não consigo. Quem é esta pessoa? Não sou eu. O corpo é meu, mas não me reconheço, não reconheço os meus gestos, as minhas palavras ou os meus desejos. E há quem chame a isto uma sensação agradável? Estão loucos. Só podem estar doidos, mais doidos ainda do que eu. Como é que é possível? Eu não queria mudar, nem que seja momentaneamente. Não queria, nem quero, depender, necessitar ou desejar. Que raio é que se passa? E porquê que se propaga esta sensação de perda? E porquê que já não mando nas minhas emoções? Sinto-me a cair num poço profundo, sem nada a que me agarrar. Parece que nem me posso agarrar a mim própria, pois não estou a criar qualquer tipo de defesas, não estou a resistir ou a protestar. Parece que ando tão surpreendida que ando simplesmente a escorregar para algo de onde sei que não vou saber sair. Dizem-me para não ser pessimista. Mas esquecem-se que não pensar o pior das pessoas é o que leva a quedas sérias. E eu já estou farta de cair. Pelos visto...

Dúvidas Prudentes

E deixamo-nos escorregar para o que não compreendemos. Rumo ao absoluto desconhecido. Talvez faça parte da condição humana, essa necessidade de nos colocarmos em situações que se sobrepõem a nós, de entrarmos no que não conhecemos. Pode-se ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas a racionalidade esvai-se assim que nos aparece a oportunidade de uma aventura. É assim que eu escolho compreender este meu desvio do que me é habitual. A possibilidade de uma aventura, uma que me entusiasma, uma que me deixa curiosa, e uma que me dá uma sensação de ter o peito leve como o vento. Como se tudo isto não passasse de um mero estudo à vida do resto do mundo, para que eu consiga finalmente entender. Prefiro acreditar nisto porque sei que não tenho mais nada para dar. Apesar de ultimamente ter encontrado recursos improváveis. Não sei de onde eles vêm, mas sei que eventualmente pararão de vir. Apesar desta sensação que poderia ser descrita como predestinação, eu sei que não vou voltar a sal...

A Grande Muralha da Insensibilidade

Sinto-me sinceramente surpreendida por o típico pânico não se ter instalado nas minhas veias. O pânico de quem não quer mudanças, de quem não quer viver com alguém. Se isso significará alguma coisa? Espero desesperadamente que não. E, alguma parte de mim, talvez a parte de mim que ainda acredita em contos de fada, se é que essa parte de mim ainda existe, anseia que sim. Não mudei de ideias. Nunca mudo de ideias, elas apenas se suavizam ou radicalizam. Continuo a achar que brincar ás casinhas seria um desperdício de um potencial para grandeza. Do meu potencial para grandeza. Continuo a achar os amores épicos dos meus colegas etários extremamente exagerados e advindos de cérebros cheios de telenovelas e de falta de autorrespeito. Continuo a sentir o muro enorme que é a minha incapacitante falta de sentimentos, ou a minha incapacitante falta de vontade de sentir sentimentos, ou ainda a minha falta de vontade de me partilhar seja de que maneira for e seja com quem for. No entanto, adm...

Morosidade

Nesta tarde em que tudo se parece precipitar, eu deslizo com calma numa sensação de morosidade irrelevante. Tento eliminar todos os itens na minha lista, mas ainda não pensei no que me vai acontecer quando essa lista chegar ao fim. Quando eu der por mim sem mais que fazer, que não esperar por um futuro incerto. E isso parece-me tão gigante, tão enormemente avassalador, que tudo o resto é minúsculo ao ponto de não me incomodar de todo. E é por isso, porque nada me incomoda, que quero escrever. Quero admitir e quero escrever. O tempo é o meu maior inimigo e também o meu melhor amigo. O tempo curou-me de uma doença que eu tinha incutido a mim própria, o tempo permitiu-me sarar de todas as humilhações e dores. Mas o tempo também me levou. Levou de mim memórias que eu queria guardar, sentimentos de que eu me queria lembrar para servirem de recordação e/ou de aviso. Foi por causa do avançar do tempo que eu me apercebi que não me passou pela cabeça durante dias. Não me passou nem o v...

Bendita Crueldade

Meu querido sem-rótulo, sem-rosto e sem-interesse: É um prazer falar contigo de novo. Tive de esperar para escrever este texto, porque não me sentia furiosa o suficiente para o escrever. Mas agora sinto. Sinto-me corrosivamente furiosa e pronta para expor as verdades. És um pequeno homem. Aliás, és um pequeno rapaz. Tão pequeno, tão mesquinho, tão patético. Nunca foste mais do que um pequeno homem e nunca serás mais do que pequeno. Nunca conseguirás nada de mais na vida, porque até as tuas ambições se baseiam apenas na ganância e mesmo a tua ganância é pequena. Tudo o que aspiras é uma vida pequena de ignorante com alguém que tenha ainda menos aspirações do que tu e que seja ainda mais ignorante, para se submeter a alguém como tu. Mas vás, ao menos não és uma desilusão. Para seres uma desilusão eu tinha de estar iludida, eu tinha de achar que tu eras capaz de mudar, ou que a tua personalidade era melhor do que aquilo que é. Mas eu nunca estive iludida, porque tu não consegues escond...