Laços Proibidos - II
Tu viste-me. E, pela primeira vez em muito tempo, eu senti-me vista. Após uma vida a atravessar olhares, alguns dos quais supostamente eram afáveis, amigáveis e até amorosos, só a tua visão me despertou. Eu vi-te. E não haveria mais nada a dizer, mesmo que eu te pudesse dizer algo. Mas eras tu. E eu vi-te, como nunca me lembro de alguma vez querer ver alguém. Ou, antes, como não vejo ninguém há muito tempo. Tudo é lavado de mim com naturalidade, como se nada se tivesse alterado. Menos tu. Mais uma vez, tudo o que posso fazer é ver-te. Ver-te, olhar para ti, reparar em ti. Não posso, nem nunca poderei fazer mais. Tenho esta vontade intensa, esta sensação de dejá vu . E, de alguma forma, sei que já te conheci, num qualquer Universo, numa qualquer realidade. É a única maneira de explicar esta ligação astronómica, esta atração intrínseca. Esqueço-me de ti, várias vezes, vários dias. Mas quando me lembro de ti, é de forma estrondosa. Como se todas as luas de Júpiter se alinhassem. Se...