Divagações cinzentas
Os dias sucedem-se no espaço de um minuto. Tudo parece passar vertiginosamente.
Parecem já não se distinguir, misturarem-se todos na névoa da estabilidade, na consciência de perenidade, de permanência, no nevoeiro de dormência.
Todos os dias são uma rotina, mesmo quando não o são. Mesmo quando estou noutro país, noutra hora, a contar as horas para voltar à minha cama, ao meu ar e à familiaridade.
Dentro de mim há apenas uma indignação já antiga e que me cansa o coração pela frustração que me traz. E ainda a vontade incessante de voltar para o meu casulo. É apenas isso que me revoluciona: a constante fúria por tudo o que se passa no mundo e o amor. Quão cliché. Tornei-me num cliché, em mais uma rapariga que foi feita para ser tanto e acabou por implodir. Ainda sou capaz de muito, e, espero eu, apesar de tudo parecer num impasse neste momento, farei muito e serei muito.
Não me quero deixar escorregar para um mero recipiente de ser humano. Creio que é por isso que me incomodam tanto estas dormências de pensamentos e sentimentos, aterroriza-me a ideia de perder a minha personalidade e me tornar só o meu aspeto.
E aí serei, definitivamente, um mero acessório de braço. Não fui feita para ser o acessório de ninguém, nem de mim mesma. Se bem que, devo admitir, hoje em dia já não sei muito bem para que fui feita e se quem quer que seja é feito para seja o que for. Talvez seja tudo aleatório e os passos que dou são todos feitos por mim e não por predeterminação de um ser superior.
Seja como for, não sei o que se segue. Este verão solarengo mas vazio será só isso, e os meses passarão, e voltará o cansaço, e não passará disso, e os anos passarão e, de repente, já nem imagino quem sou. Afinal, já não tenho os mesmo objetivos, a mesma personalidade ou as mesmas opiniões. Diria que sou uma pessoa completamente diferente. Para o melhor e para o pior. Sinto que estive apenas à espera de me voltar a sentir como eu, e na verdade o que deveria ter estado a fazer é tentado compreender quem diabo vive dentro deste corpo que é meu nestes dias.
Quem quer que ela seja, o que quer que ela planeie do futuro, ou mesmo que não planeie nada como é o que parece, só posso esperar que tudo corra. Não digo que corra bem, mas que meramente corra, que passe, como tudo passa, engolido pelo maior inimigo de todos: o Tempo. O Tempo leva-nos e lava-nos de nós próprios. Mas seremos exatamente aquilo que tivermos tempo para nos tornar.
Parecem já não se distinguir, misturarem-se todos na névoa da estabilidade, na consciência de perenidade, de permanência, no nevoeiro de dormência.
Todos os dias são uma rotina, mesmo quando não o são. Mesmo quando estou noutro país, noutra hora, a contar as horas para voltar à minha cama, ao meu ar e à familiaridade.
Dentro de mim há apenas uma indignação já antiga e que me cansa o coração pela frustração que me traz. E ainda a vontade incessante de voltar para o meu casulo. É apenas isso que me revoluciona: a constante fúria por tudo o que se passa no mundo e o amor. Quão cliché. Tornei-me num cliché, em mais uma rapariga que foi feita para ser tanto e acabou por implodir. Ainda sou capaz de muito, e, espero eu, apesar de tudo parecer num impasse neste momento, farei muito e serei muito.
Não me quero deixar escorregar para um mero recipiente de ser humano. Creio que é por isso que me incomodam tanto estas dormências de pensamentos e sentimentos, aterroriza-me a ideia de perder a minha personalidade e me tornar só o meu aspeto.
E aí serei, definitivamente, um mero acessório de braço. Não fui feita para ser o acessório de ninguém, nem de mim mesma. Se bem que, devo admitir, hoje em dia já não sei muito bem para que fui feita e se quem quer que seja é feito para seja o que for. Talvez seja tudo aleatório e os passos que dou são todos feitos por mim e não por predeterminação de um ser superior.
Seja como for, não sei o que se segue. Este verão solarengo mas vazio será só isso, e os meses passarão, e voltará o cansaço, e não passará disso, e os anos passarão e, de repente, já nem imagino quem sou. Afinal, já não tenho os mesmo objetivos, a mesma personalidade ou as mesmas opiniões. Diria que sou uma pessoa completamente diferente. Para o melhor e para o pior. Sinto que estive apenas à espera de me voltar a sentir como eu, e na verdade o que deveria ter estado a fazer é tentado compreender quem diabo vive dentro deste corpo que é meu nestes dias.
Quem quer que ela seja, o que quer que ela planeie do futuro, ou mesmo que não planeie nada como é o que parece, só posso esperar que tudo corra. Não digo que corra bem, mas que meramente corra, que passe, como tudo passa, engolido pelo maior inimigo de todos: o Tempo. O Tempo leva-nos e lava-nos de nós próprios. Mas seremos exatamente aquilo que tivermos tempo para nos tornar.
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