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A mostrar mensagens de outubro, 2015
Estou irremediavelmente doente. Tenho lido este livro sobre um homem que sofre de dores crónicas físicas e temo também as ter. Mas as minhas não são físicas. Estou muito, muito doente... Verga-me o peso de tudo nos ombros. O peso da solidão, da tortura e do medo. Aterroriza-me o facto de que há a hipótese que desta vez talvez nada me salve. Nem o tempo, nem o carinho, nem a entrega. Só vejo uma espiral imensa de dor e tortura. Da qual não tenho como sair. O tempo não passa. Passei a vida a queixar-me de que o tempo passava demasiado depressa e ele decidiu abrandar no momento errado. Decidiu abrandar sadicamente agora, que a vida se espreme da minha mente dorida. E se nada me salvar? E se ninguém conseguir chegar até mim e eu permaneça doente para os restos dos meus dias? Na minha cabeça passeiam imagens de mudanças e resoluções, mas conseguirei cumpri-las? E serão as mudanças necessárias? Este arranhar no meu peito enlouquece-me. Deixa-me sem rumo e tão completamente sozinha.....

Interlúdio

O futuro tem de chegar. O futuro tem de chegar porque o presente está demasiado usado e gasto. Porque eu preciso de ultrapassar este intervalo na minha vida. Preciso de avançar. Preciso de me ocupar com sociabilizar, estudar, festejar e aproveitar. Preciso de ter menos tempo para pensar, de estar menos tempo sozinha.  Vou sucumbir a mim mesma se estiver sozinha. Tal como quase fiz quando dei por mim na escuridão, sozinha e preenchida de uma dor irreparável. As ideias que me passam pela cabeça ou me magoam ou me aterrorizam, e não sei sinceramente quais prefiro. Não posso partir, por muito que queira, por muito que precise. E esta necessidade premente de partir, misturada com a obrigação assertiva de ficar, vai ser o que vai esgotar a minha sanidade mental. Já não me sinto dentro de mim há muito tempo. Diria um ano, talvez mais. No entanto, à medida que o mundo me abandona e que o futuro avança eu sinto-me cada vez mais descontrolada e longe do volante das minhas emoções...

One and only

Ninguém mentalmente sã ama desta maneira. Ninguém mentalmente sã teme uma perda com tanto fervor, imaginando-a pior que o objeto mais contundente a enterrar-se na pele tenra. Ninguém mentalmente sã precisa de se anestesiar do próprio amor para não enlouquecer. Ninguém enlouquece com a espera, com o medo ou com a própria loucura. A não ser que já não tivesse muita sanidade mental, ou a não ser que tudo aquilo que eu suspeito seja verdade. Não posso estar a enlouquecer com um amor banal. Ninguém tão cético como eu enlouqueceria com um amor vulgar como aqueles que passeiam à minha volta. Alguém que, como eu, não só não acreditava no amor como desprezava os que acreditavam, não cai desta maneira num amor típico. Um fosso tão profundo, com uma queda tão intensa e dolorosa, não pode ser normal. Dou pela minha mente antes racional a acreditar no que eu consideraria contos de fada. Em predestinação, romances eternos e numa ligação tão forte que só pode ter algo de divino. É verdade que n...

Bloqueios

Nestes dias em que a avalanche de mudanças me levou montanha abaixo, dou por mim tão absolutamente entupida e bloqueada, que não consigo juntar duas palavras. Vivo numa dormência temerosa, e tudo o que escrevo, tudo o que leio, tudo o que sou é irritável e irritado, inflamado por um mau génio endémico e um cansaço existencial. Esperei que o meu futuro chegasse e ele chegou, mas lavou-me com ele. Todo o entusiasmo de livros gigantes, institucionalizações, palavras caras, discursos articulados e maturidade fingida fez-me esquecer quem sou e fez-me entender quão manufaturado, pequeno e limitado é o meu pensamento. Daí a falta de escrita, o constante medo e o enjoo emocional que se têm incrustado na minha mente, para além de uma arrogãncia apagada e de uma insegurança estúpida. Dei por mim no mundo pequeno dos adultos. E, sendo alguém que esperou por aqui chegar a vida toda, sinto-me completamente perdida. Talvez, porque na verdade, não sou capaz de me ver como uma adulta, como alguém ...