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A mostrar mensagens de abril, 2014

Divagações perdidas

E, como já era de esperar, assim que pus os pés no solo seguro do meu lar, os meus sonhos e as minhas ilusões evaporaram-se. Retornei ao meu peito granítico, ao meu olhar perdido, às minhas divagações pessimistas. E tudo o que até aí parecia um conto de fadas, parecia destinado por ser tão simples, tão conveniente (e por eu precisar de tudo isso tão desesperadamente que parecia que me faltava o ar), pareceu-me inferior a mim, pareceu-me apressado, exagerado, demasiado sensível para o meu gosto. A realidade caiu-me, de repente, em cima. A realidade do stress, a realidade que me ocupa cada milímetro do meu cérebro e que me impede de pensar em seja o que for que não sejam aqueles dois objetivos da minha vida, aquelas duas grandes potências da minha vida, que me ocupam o tempo e a paciência, apesar de eu já não amar nenhuma. E essa realidade lembrou-me que eu não estou preparada, que eu não consigo amolecer de novo. Pensei que sim, pensei que conseguia voltar a descongelar, que conseguia...

Patética felicidade

Sobre a noite não estrelada, em que a escuridão se começa a tornar absoluta, aqui estou eu, sentada neste enorme e maravilhoso terraço, no mais profundo do meu meditar. Abraço a leve brisa e o cheiro a paraíso e a perfeição.                                                      Nesse dia não havia nada de mim que não implorasse por música calma, sagrada, que me enlevasse e me trouxesse de novo à Terra. Toda eu implorava por um fado choroso, cheio de saudade, por harmonias perfeitas e completas, que me fizesse transbordar.                                                                ...

Viagem

O meu jovem e brilhante coração estremece com a visão do céu tão pecadoramente azul, de um azul escuro e estrelado que parece nunca desaparecer. A lua cheia de um branco lívido fendia este esplendoroso céu, que só por si tornava a minha vida significativa. Sentada na enorme varanda do meu novo quarto, com o computador no colo e os olhos esperançosos, não me podia impedir de me apaixonar torridamente por aquele sítio em que o cheiro a ar do mais puro se misturava com o aroma a laranjais, a protetor solar, a praia, a férias. Não podia deixar de prometer a mim própria que faria o que fosse preciso para, de alguma forma, voltar ali. Algum dia na minha vida, algures muito mais tarde. A leve brisa quente fez-me fechar os olhos harmoniosamente, deleitada com todo aquele silêncio, com a visão da cidade calma e luminosa à distância, com o calor espontâneo. Apaixonei-me pela minha calma, pelo desaparecimento de toda e qualquer ansiedade, pela solidão. Apaixonei-me por conseguir finalmente pens...

''E a vida não vai parar, vai com o vento, tens tudo a dar não percas tempo...''

A vida anda lenta e sorridente. A minha mente usufrui de nada que não seja calma, entusiasmo, felicidade. Nem o tédio me ataca o que seria de esperar nas vidas desinteressantes. Tenho, finalmente, tempo. Não tempo físico, concreto, mas tempo mental, para descansar, para absorver, para finalmente completar todos os meus projetos, para planear todo o meu futuro, para fugir para outras dimensões, outros planetas. Algo mudou em mim. Algo que eu nunca esperei que fosse mudar, algo que, a certa altura, ansiei para que nunca mudasse. Não sinto só o fim das ruas da amargura, mas também o fim de um eu resignado, de um eu irritável e imperdoável. Aceito e respeito tudo aquilo que nunca consegui aceitar ou respeitar. Aceito todos os erros do universo, aceito as barbaridades que acontecem no mundo, aceito toda a opressão que se espalha. Aceito que eu, sozinha, nunca conseguirei fazer nada para o mundo mudar, para se tornar perfeito, invencível, bem direcionado, dotado de liberdades e igualdade...