Do you believe in life after love?
Dia 365:
A lua cheia irradia o plácido ambiente escuro que rodeia a minha casa. É tudo o que se consegue ver no céu escuro mas não estrelado. É tudo o que eu consigo imaginar.
Uma brisa fresca esconde-se no sussurrar das árvores. O cheiro a iodo puro e a férias entra-me nos poros e enche-me o peito de uma melancolia feliz, sorridente e calma.
Da janela do meu quarto consigo ver as casas mergulhadas na escuridão. Uma escuridão bela e serena, complementada pelo ocasional ligar de luz, que mostra sinais de vida, de convivência, de alegria.
Quando imaginei este dia, imaginei-o preenchido de uma nostalgia cortante, imaginei-o dotado de dores que não compreendo ou de rancores execráveis. No entanto, fito a noite absorta e não há nada dentro de mim a não ser uma satisfação inconsequente.
É como se o último ano não tivesse existido. Como se a minha vida nunca se tivesse alterado, como se a minha estabilidade nunca tivesse sido quebrada. Foi como se nada tivesse mudado, a minha vida nunca se tivesse desviado e, por ironia do destino, tudo tivesse tomado outro rumo, um rumo talvez mais aborrecido, mas definitivamente mais seguro e mais próprio para a minha saúde mental.
É como se eu nunca tivesse enlouquecido... A minha mente está num estado de funcionamento perfeito, equilibrado, feliz. Não há nada em mim, e nada fora de mim. Somos pequenos pontos luminosos neste Universo infinito. Nada está fora de ordem e o mundo decidiu por um dia, por uma noite, ser perfeito.
A raiva esvaiu-se das minhas veias, impedindo-me, finalmente, de me envenenar.
Fiz um longo caminho. Um caminho que me doeu, que me destruiu um pouco, mas que valeu a pena. Pois devolveu-me a mim própria. Aliás, devolveu-me renovada, melhor, mais sábia, com mais paciência.
Sou tão nova para ter vivido tanto tempo tão amargurada... Sou tão nova para toda a dor tão ridícula, para todo aquele ardor de pele, de peito, de alma. Sou tão nova para acreditar no amor, para acreditar que tudo isso existe, que toda essa dor é possível. Sou demasiado nova para saber que o ser humano sofre, principalmente por causas tão patéticas.
Eu consegui. Estou de pé em frente à minha janela que mostra o ambiente maravilhoso e amado das terras pequenas. Sinto-me mais forte, mais madura, mais responsável.
Sinto-me como se a paz interior estivesse para sempre aprisionada dentro de mim e como se tudo e toda a gente fosse eterno e infinito, como se o sentimento de força e confiança dentro de mim nunca se pudesse dissolver.
Sobrevivi ao amor. À experiência que o meu pequeno corpo humano rejeita terminantemente. Sobrevivi-lhe, de forma racional e lúcida, apesar de todas as noites em que enlouqueci.
Há vida após essa experiência horrível. Há uma vida cada vez melhor, que não espera, que anseia.
''Passou um ano'', pensei. E sorri com o pensamento. Um ano que me foi roubado, um ano do qual não tenho qualquer memória que não o tédio ou a dor contundente. Mas sorrio. Porque conquistei esse ano, ganhei-o, mesmo quando tudo parecia perdido.
E a lua continuava no mesmo sítio, radiante e melancólica. As árvores continuavam a sussurrar, os pássaros a chilrear, a voz das pessoas a ecoar pelo espaço infinito. A Terra continuava a girar lentamente, e o meu coração continuava a bater. Assolou-me o pensamento de que isso era tudo o que importava e alguma vez ia importar.
Antes de fechar a janela e virar costas à noite sem estrelas, suspirei. E, calma e lentamente, murmurei as palavras que temi durante tanto tempo e que me libertavam para sempre.
A lua cheia irradia o plácido ambiente escuro que rodeia a minha casa. É tudo o que se consegue ver no céu escuro mas não estrelado. É tudo o que eu consigo imaginar.
Uma brisa fresca esconde-se no sussurrar das árvores. O cheiro a iodo puro e a férias entra-me nos poros e enche-me o peito de uma melancolia feliz, sorridente e calma.
Da janela do meu quarto consigo ver as casas mergulhadas na escuridão. Uma escuridão bela e serena, complementada pelo ocasional ligar de luz, que mostra sinais de vida, de convivência, de alegria.
Quando imaginei este dia, imaginei-o preenchido de uma nostalgia cortante, imaginei-o dotado de dores que não compreendo ou de rancores execráveis. No entanto, fito a noite absorta e não há nada dentro de mim a não ser uma satisfação inconsequente.
É como se o último ano não tivesse existido. Como se a minha vida nunca se tivesse alterado, como se a minha estabilidade nunca tivesse sido quebrada. Foi como se nada tivesse mudado, a minha vida nunca se tivesse desviado e, por ironia do destino, tudo tivesse tomado outro rumo, um rumo talvez mais aborrecido, mas definitivamente mais seguro e mais próprio para a minha saúde mental.
É como se eu nunca tivesse enlouquecido... A minha mente está num estado de funcionamento perfeito, equilibrado, feliz. Não há nada em mim, e nada fora de mim. Somos pequenos pontos luminosos neste Universo infinito. Nada está fora de ordem e o mundo decidiu por um dia, por uma noite, ser perfeito.
A raiva esvaiu-se das minhas veias, impedindo-me, finalmente, de me envenenar.
Fiz um longo caminho. Um caminho que me doeu, que me destruiu um pouco, mas que valeu a pena. Pois devolveu-me a mim própria. Aliás, devolveu-me renovada, melhor, mais sábia, com mais paciência.
Sou tão nova para ter vivido tanto tempo tão amargurada... Sou tão nova para toda a dor tão ridícula, para todo aquele ardor de pele, de peito, de alma. Sou tão nova para acreditar no amor, para acreditar que tudo isso existe, que toda essa dor é possível. Sou demasiado nova para saber que o ser humano sofre, principalmente por causas tão patéticas.
Eu consegui. Estou de pé em frente à minha janela que mostra o ambiente maravilhoso e amado das terras pequenas. Sinto-me mais forte, mais madura, mais responsável.
Sinto-me como se a paz interior estivesse para sempre aprisionada dentro de mim e como se tudo e toda a gente fosse eterno e infinito, como se o sentimento de força e confiança dentro de mim nunca se pudesse dissolver.
Sobrevivi ao amor. À experiência que o meu pequeno corpo humano rejeita terminantemente. Sobrevivi-lhe, de forma racional e lúcida, apesar de todas as noites em que enlouqueci.
Há vida após essa experiência horrível. Há uma vida cada vez melhor, que não espera, que anseia.
''Passou um ano'', pensei. E sorri com o pensamento. Um ano que me foi roubado, um ano do qual não tenho qualquer memória que não o tédio ou a dor contundente. Mas sorrio. Porque conquistei esse ano, ganhei-o, mesmo quando tudo parecia perdido.
E a lua continuava no mesmo sítio, radiante e melancólica. As árvores continuavam a sussurrar, os pássaros a chilrear, a voz das pessoas a ecoar pelo espaço infinito. A Terra continuava a girar lentamente, e o meu coração continuava a bater. Assolou-me o pensamento de que isso era tudo o que importava e alguma vez ia importar.
Antes de fechar a janela e virar costas à noite sem estrelas, suspirei. E, calma e lentamente, murmurei as palavras que temi durante tanto tempo e que me libertavam para sempre.
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