Perdão não concedido
E se não ficou esclarecido: não, não te perdoo. Perdoei-te instantaneamente, como se nem importasse. Portanto, estou-te a dizer agora, passado todo este tempo: não te perdoo. Não te perdoo por teres destruído qualquer hipótese que eu tivesse em recomeçar. Não te perdoo por me teres mudado. Por me teres transformado num monte de espera, transe e dormência ambulante. Não te perdoo por me tornares velha e amarga. Não te perdoo por me tornares insegura, por teres lascado a minha autoconfiança, o meu ego. Por teres brincado com a minha paciência. Não te perdoo, após este tempo todo. Não te perdoo por ainda te ver todos os dias, em todas as minhas ações. Por me lembrar das tuas reações, das tuas palavras. Por ainda seres tão presente como se, de facto, estivesses sentado, neste momento, a meu lado. Não te perdoo por ter passado um ano e eu achar tão, mas tão, estranho as circunstâncias de estabilidade, de quase felicidade. Não te perdoo por andar completamente exausta, impossivelmente ent...