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A mostrar mensagens de outubro, 2013

Perdão não concedido

E se não ficou esclarecido: não, não te perdoo. Perdoei-te instantaneamente, como se nem importasse. Portanto, estou-te a dizer agora, passado todo este tempo: não te perdoo. Não te perdoo por teres destruído qualquer hipótese que eu tivesse em recomeçar. Não te perdoo por me teres mudado. Por me teres transformado num monte de espera, transe e dormência ambulante. Não te perdoo por me tornares velha e amarga. Não te perdoo por me tornares insegura, por teres lascado a minha autoconfiança, o meu ego. Por teres brincado com a minha paciência. Não te perdoo, após este tempo todo. Não te perdoo por ainda te ver todos os dias, em todas as minhas ações. Por me lembrar das tuas reações, das tuas palavras. Por ainda seres tão presente como se, de facto, estivesses sentado, neste momento, a meu lado. Não te perdoo por ter passado um ano e eu achar tão, mas tão, estranho as circunstâncias de estabilidade, de quase felicidade. Não te perdoo por andar completamente exausta, impossivelmente ent...

Não posso esperar mais .

Não sei bem porquê, nem como, mas estive à espera este tempo todo. Estive à espera de um milagre, de algo que curasse, de um remendo que pusesse tudo junto, tudo reconciliado. Esperei e esperei. Fartei-me de esperar por algo que nunca veio, ou que veio mas em pequenas doses egoístas. Em doses que não foram nem nunca serão o suficiente. Desperdicei tanto tempo da minha vida à espera de sinais, de palavras, qualquer coisa. Aliás, penso que estive este tempo todo simplesmente à espera de uma sincera ''desculpa''. Se a tivesse tido, penso que teria esquecido tudo isto há muito mais tempo. E agora acabou. Estou farta, farta de desperdiçar tempo da minha juventude amargurada. Não posso esperar nem mais um segundo. Não posso passar nem mais um segundo apaixonada por um fantasma. Sim, porque ele não é mais que um fantasma. É tão real como os meus sonhos, está tão visível como os sussurros das folhas das árvores, está tão presente quanto todos os que partiram para nunca mais v...

Medos

Meus queridos leitores, Nos últimos tempos, tenho andado bloqueada em termos literários. Assim sendo tenho deixado a minha mente descansar, não me forçando a escrever textos que de certeza sairiam inconsequentes e forçados. Hoje, no entanto, decidi que era altura de o fazer e que, não estando inspirada, deveria fazer algo que nunca faço: dirigir-me a vocês diretamente. Além disso irei hoje, também, escrever mais do que um texto para compensar todos aqueles dias em que não fiz nenhum. Neste texto em particular vim abordar um assunto que me tem incomodado especialmente nos últimos dias. Os medos. Não me refiro a medos de demónios ou a sobrenaturais ou coisa do género, nem a fobias. Refiro-me a medos no que toca ao futuro. Fui amaldiçoada com esta incapacidade de viver no presente. Só me é possível viver ou no passado ou no futuro. Nos últimos tempos o passado já não me incomoda (razão principal do meu bloqueio de escritor), portanto tenho-me atormentado com os meus planos para...

Perguntas

Os meus olhos cegaram-se de novo. As vozes tornaram-se apenas ecos no fundo da minha mente, as cores desapareceram. Tudo foi transformado nos escuros recônditos da minha mente, os quais eu já tinha visitado demasiadas vezes naquele dia. E aí, isolada pelas paredes de cimento dos meus pensamentos, ousei libertar as minhas frustrações, as minhas nostalgias, as minhas angústias. As minhas perguntas. Lembrei-me do dia anterior, a imagem dele a atravessar o campo de futebol, a fina chuva a criar uma áurea idílica à volta dele. Lembrei-me dessa manhã, em que os olhos dele se cravaram em mim, tão iguais... Meu Deus, tão iguais. O meu coração começou a bater descompassadamente. É tudo demasiado igual, um dèja vu, uma espiral infinita, um pesadelo! Não desaparece nunca, não se esmorece, não me deixa respirar! Não estou livre em lado nenhum, nem na minha própria mente! Sinto a infinita vontade de perguntar tudo, de pôr em questões tudo o que me tem vindo a atormentar, a moer, a torturar! ...