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A mostrar mensagens de agosto, 2015

Aproximação

Sempre gostei de imaginar como a minha vida seria se eu tivesse feito escolhas diferentes. Se eu tivesse dito determinadas coisas, se tivesse sido diferente. Foi difícil não o fazer, quando dei por mim de frente para aquele velho e gigantesco edifício que foi a minha primeira escolha durante muito tempo. Duvidei de mim mesma por uns segundos, duvidei da minha capacidade de fazer decisões. Por uns momentos, aterrorizou-me a possibilidade de ter escolhido o sítio, a vida errada para mim. Mudei de ideias quando era calma, quando tudo parecia esperançoso e harmonioso. Agora que tudo parece perigoso e cheio de mágoa, temi ter escolhido mal. Ter escolhido aquele sítio agora significaria fugir. Começar completamente de novo, fugir da pessoa que sou e das pessoas que me rodeiam. E por muito que eu por vezes tenha pensado nisso como sendo o melhor, a verdade é que não teria sido capaz. Fiz a escolha certa para a minha educação, para a minha família e para a minha vida. Só o futuro dirá se f...

Maioridade

Continuo a esperar que a sensação se abata sobre mim. Temi o dia em que isto aconteceria durante muito tempo e ansiei-o durante ainda mais. Estou à espera de que o meu cérebro compreenda o que tudo isto quer dizer. Mas ele demora, ou talvez nunca chegue a compreender de todo. Estou à espera de que me abata uma maturidade que já tinha, e que me sinta velha como já sou há anos a fio. Houve um milhão de mudanças e, no entanto, tudo parece absolutamente igual. Apesar de eu nunca imaginar que estaria como estou. Apodera-se de mim um terror que substitui a euforia de perspetivas de mudança e maturidade. Há demasiadas incertezas, demasiadas despedidas, demasiadas novidades. Não consigo sequer imaginar o que me reserva, e não poder controlar o futuro será o que me levará à loucura. Tudo o que posso fazer é esperar e rezar para que o inesperado não me magoe. Todos falam dos melhores anos das nossas vidas, mas não consigo entender como uma época de maior responsabilidade pode ser melhor. Talv...

Vulnerabilidades

Todos temos um escudo. Uma fortaleza, aliás. E, ao longo dos anos, ao longo da vida, ao longo de nós próprios, essa fortaleza, essas paredes que nos mantêm de pé, começam a ruir. A velocidade com que elas ruem depende inteiramente de nós. Das situações em que nos metemos e da capacidade que temos para as ultrapassar. Há pessoas em que esta fortaleza já foi queimada, assaltada e até bombardeada e, no entanto, mantém-se nas suas ruínas. Há pessoas em que esta fortaleza nunca teve incidente algum, e continua perfeitamente intacta. Quanto a mim, creio que a minha me foi roubada. Num minuto estava lá, em toda a sua imponência, alta como um arranha-céus, espessa e forte, pronta para me defender, e no outro não estava e eu fiquei completamente exposta. Razões para tal ter acontecido? Excesso de tempo para pensar. Nunca ninguém devia ficar a sós com os seus pensamentos. É uma situação mais perigosa do que elucidante. E, além disso, ninguém devia mergulhar mais fundo do que consegue nadar. T...