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A mostrar mensagens de agosto, 2014

''I've loved and I've lost''

Tenho tendência a pensar demais. A racionalizar aquilo que não devia ser racionalizável. Vivo num enorme cálculo. Sou tão infinitamente calculista... Tento sempre prever, estimar as consequências de tudo o que sinto. Não acredito em espontaneidade. Já acreditei há muito tempo, que tudo cai do céu, que um dia encontraria uns quaisquer olhos por acaso e que tudo seria espontâneo, imediato. Que tudo nos cairia em cima, como nos filmes. Mas a vida não funciona assim. Portanto, ignoro as sensações espontâneas que por vezes me assolam. Ignoro a súbita paixão, a súbita felicidade. Porque tudo isso acaba por se desvanecer. E o que sobra? A mesma sensação de tédio, a mesma sensação de vazio. Acreditei em tudo o que era espontâneo há dois anos. Entretanto, a minha vida caiu de um precipício. E eu caí num poço. Caí e tornei-me alguém que precisa de se apagar, alguém que precisa de se divertir para se esquecer. Tornei-me alguém que tem um medo incrível de tudo. Tornei-me alguém que não consegue...

Delirante ebriedade

A rapariga que me fita faz o mesmo movimento de pescoço que eu. Tem os olhos inchados de um cansaço não existente, as réstias de maquilhagem borratada a espalharem-se à volta dos seus olhos, a pele de um pálido cansado, os lábios inchados, o cabelo revolto. Parece que lhe sugaram a vida. Suspirei e franzi o sobrolho. A rapariga fez o mesmo. Lavei a cara na esperança de que as minhas máculas desaparecessem. Algumas ficaram disfarçadas, mas a maior parte não foi a lado nenhum. O enjoo insistente que me assolava o estômago era a única coisa que me assegurava que a noite anterior não tinha sido um mero delírio de uma mente ensonada. Os arranhões nas minhas pernas e pés tinham o mesmo efeito. Contorci o rosto num desagrado tão profundo que tive a certeza de que ia ficar com rugas. Disseram-me que quando nos vemos no espelho, vemos uma versão mais nova de nós próprios. Se assim é e a versão mais nova de mim parece estar nos seus muito desgastantes e exaustos 30 anos, então a versão real de...

O último ano antes do resto da minha vida

Deparei-me recentemente com um bloqueio total de imaginação. O meu cérebro preferiu dedicar-se ao tédio, ao sedentarismo e à apatia, em vez de se dedicar a ser produtivo. Depois de suspirar muitos enfins, obriguei-me a sentar à frente do computador, e obriguei-me a arrancar. Arrancar é indubitavelmente o pior, principalmente quando não sabemos sobre o que escrever. Porque, meus caros amigos, para se escrever é preciso ter-se ou uma imaginação incrível, ou uma vida incrivelmente interessante de se reportar. E eu, geralmente, tenho pelo menos uma dessas variáveis, no entanto, ultimamente dou por mim sedenta de ambas. Podia reportar as belas semanas de férias que tive, em que me deparei com um calor insuportável, praias brancas e mares gelados, uma bela banheira de hidromassagem num hotel de luxo, castelos e catedrais de uma beleza estonteante, um motor de carro avariado e uma capital tão completamente cheia de pessoas, que parecia transbordar. No entanto, por alguma razão, tudo isso me...