''I've loved and I've lost''
Tenho tendência a pensar demais. A racionalizar aquilo que não devia ser racionalizável. Vivo num enorme cálculo. Sou tão infinitamente calculista... Tento sempre prever, estimar as consequências de tudo o que sinto. Não acredito em espontaneidade. Já acreditei há muito tempo, que tudo cai do céu, que um dia encontraria uns quaisquer olhos por acaso e que tudo seria espontâneo, imediato. Que tudo nos cairia em cima, como nos filmes. Mas a vida não funciona assim. Portanto, ignoro as sensações espontâneas que por vezes me assolam. Ignoro a súbita paixão, a súbita felicidade. Porque tudo isso acaba por se desvanecer. E o que sobra? A mesma sensação de tédio, a mesma sensação de vazio. Acreditei em tudo o que era espontâneo há dois anos. Entretanto, a minha vida caiu de um precipício. E eu caí num poço. Caí e tornei-me alguém que precisa de se apagar, alguém que precisa de se divertir para se esquecer. Tornei-me alguém que tem um medo incrível de tudo. Tornei-me alguém que não consegue...