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A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

Catarse

Não há como saber o que o futuro nos traz. Pode ser extrema felicidade ou sofrimento desesperado. Provavelmente ambos e nunca nenhum. Não há como controlar o futuro. Não há como agarrarmos o nosso peito e lhe dizermos para sobreviver à dor e à desgraça, não há como obrigarmo-nos a avançar. Vamos todos invariavelmente morrer. Mas não sabemos quando, como ou onde. Não sabemos se teremos dito e feito tudo, mas sabemos que o mais provável é que morramos a meio de uma frase, frase essa inútil e extremamente irrelevante, metáfora perfeita para a nossa existência. Eu sempre imaginei os piores cenários. Em todas as situações de toda uma vida. Ser pessimista não é só uma escolha, é acima de tudo uma reação do instinto de sobrevivência. Se imaginarmos todas as hipóteses possíveis, o sofrimento será sempre inferior ao que poderia ser, porque ao menos nós sabíamos que ele aí vinha. Não morreremos dissolvidos em autocomiseração e dor, embora tenhamos de suportar os dois. Sobreviveremos. Passam...

Regresso

Nos últimos dias senti-me dentro da minha pele. Pela primeira vez em tanto tempo que nem consigo contar. Senti-me fria, vazia, impassível. Acima de tudo, senti-me calma. Senti como se o mundo tivesse finalmente parado de correr e eu pudesse finalmente aproveitá-lo. Já não sinto como se a minha vida me escorresse por entre os dedos e que estes eram os anos para morrer antes de renascer, que eu bloquearia e de que nunca me lembraria de novo na minha vida. Talvez tenha estado enganada. Apesar de tudo, sinto as mudanças. Sinto-as na minha muito maior sensibilidade e compreensão de dores alheias, sinto-as no aumento ligeiro da minha paciência, sinto-as no amor profundo que espero que nunca passe. Já não me sinto a definhar lentamente. O cansaço existencial mantém-se, e a absoluta noção de que não existe felicidade por inteiro também. Já não vivo descuidada. Diz a pessoa que sempre teve as maiores defesas deste planeta. Mas era ingénua. Acreditava numa vida que eu controlava, acreditava...