Assim seja.
Os meus olhos abriram-se e enfrentaram uma luz esmagadora. Por breves momentos, não me lembrei de nada. De quem sou, do que tenho feito, de onde estou. Por breves momentos, as pulseiras no meu pulso não me pesaram e eu pude não ser. Estive à minha procura muito longe de casa. Procurei-me incessantemente no fundo de um país que eu em geral detesto, numa situação fora da minha zona de conforto. E, curiosamente, encontrei-me. Encontrei a parte de mim que não existe. A divertida, faladora, imprudente. Descobri-a debaixo de inibições e atrás da vergonha. Fui, tal como queria, uma pessoa diferente durante um pequeno período de tempo. Falei pelos cotovelos, fui relativamente sociável e dei azo aos desejos de alguém que não sou eu. Deixei o meu cérebro marinar e mergulhar em algo que lhe é prejudicial e adorei. Adorei a sensação de liberdade absoluta, mesmo que a minha consciência me tenha dito várias vezes (algures no fundo da enorme camioneta que é o cérebro, enquanto eu estava bem...