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A luz ao fundo do túnel

Sou uma pessoa muito diferente daquela que achava que era. Parece que num momento me perco totalmente na minha tristeza, e dou lugar ao choro, para no momento seguinte explicar tudo o que se passa a outras pessoas com frieza e racionalidade. Sinto-me sempre obrigada a dar uma performance, e sei que foi a minha performance que traiu a minha tristeza no final. Em tudo o restante, lembro-me de pensar que estava muito surpreendida por me conseguir distanciar assim daquilo que estava a dizer. Por manter o meu discernimento e explicar tudo com calma e sem qualquer ameaça de emoção. A verdade é que as minhas emoções têm oscilado como uma montanha russa. Tanto estou absolutamente destroçada e não sei como avançar, como me sinto completamente dentro de mim e calma, como até me sinto otimista com o futuro. Mas quando a questão já não é relatar o que aconteceu, mas descrever como estou, a história é outra. Não sei explicar aos meus amigos ou sequer a mim própria que estou destroçada, mas estou be

Adeus, amor, adeus

Perguntas-me o que eu quero. Eu sei que não queres ouvir a resposta. Queres que eu te dê uma resposta ensaiada, ponderada, que não diga nada. Uma resposta sem emoção, uma resposta adulta. Não posso ficar zangada, porque a tua reação é de imediata retração. Não posso chorar ou dizer-te que estou triste, porque a tua reação é de frieza. Ando aqui neste limbo, a tentar dizer-te o que sinto e ao mesmo tempo a dizer-te o que queres ouvir. Se eu dissesse o que o meu coração me diz, sei que te causaria dor. Sei que me causaria também dor, porque sei que não responderias o que eu quero que respondas. Se eu te dissesse o que a minha cabeça me diz ... Eu nem quero pensar no que a minha cabeça me diz. A minha cabeça diz-me que está na altura de a minha vida avançar. Que isto não é saudável e que eu mereço melhor. Mereço alguém que me queira, que me ame, alguém que me abrace e que não me queira largar. Mereço alguém que olhe para mim como tu um dia olhaste para mim. E, no entanto, nem me consigo i

O dia em que tu me deixaste

Nem sabia ser capaz de te dar todo o amor que te dei. E quando o dei, nem pensei que estava a dá-lo. Dei-te tudo de mim: o bom, o mau, o feio, o bonito. Ao longo de tanto tempo, houve muito bonito e muito feio. Nunca ninguém me conheceu como tu me conheceste. É possível que nunca ninguém me venha a conhecer como tu me conheceste. Para mim, tu e eu vivíamos num espaço celestial separado do resto do mundo. Num mundo só nosso. Pensar em ti, falar de ti, deixava-me sempre impossivelmente emocional. Pensar em ti era pensar em como tu e eu encaixamos, como se duas pessoas foram feitas para estar juntas, éramos nós. Pensar em ti era pensar em destino e amor para a eternidade. Toda a gente sabia que te amava. Mesmo agora, toda a gente sabe que te amo. Apesar de ser uma pessoa que gosta da sua privacidade, eu fiz questão que toda a gente soubesse. Não havia nada como estar nos teus braços. O que eu dava para poder voltar aos teus braços, um dia... Dei tudo de mim, e no entanto não foi suficient

Espera-me

 Meu amor, Li recentemente os murmúrios de um homem de coração partido. Nas palavras dele ouvi a tua voz e vi a tua alma e quase esperava ver também o teu rosto, procurando o meu. Pediste-me sem me pedir que esperasse por ti, que aguardasse enquanto cavalgas por pastos noturnos e atravessas colinas cheias de terra queimada. Disseste-me sem me dizer para esperar por ti deste lado, do lado frutífero e verde e cheio de flores, a ver o rio límpido e cristalino a passar. E eu aqui fiquei. E olho para as flores e para o rio a passar, a tentar esquecer-me que alguma vez fui outra pessoa que não esta, que espera. Sei que cavalgas por entre perigosos caminhos, meu amor, que as silvas te cortam as mãos, e a escuridão te faz chorar. Sei que sem mim o teu ermo percurso será doloroso e solitário. Deste lado, apesar de o sol brilhar, o rio correr com vagar e os passarinhos chilrearem agradavelmente, na minha alma é Outono. As folhas caem e morrem e vejo no reflexo do rio uma pessoa arrepiada e cansa

O privilégio de desistir

Hoje em dia sinto pouco mais que cansaço e frustração. Dou por mim em constantes sonhos sobre fugir. Já pensei e já falei sobre isto antes. Parte de mim vive do outro lado do mundo. Não propriamente num sítio específico, ou num tempo específico, simplesmente longe daqui, longe de mim, longe de ti e longe de tudo. É uma atitude de cobardia, eu sei. Nunca fui do tipo corajoso e acima de tudo não tenho bravura suficiente para enfrentar o meu próprio fracasso. Simplesmente não tenho isso em mim. Em mim, só tenho medo, e um muro construído em mentiras. Quem sou eu, se não sou a pessoa que menti que sou? Quem sou eu, se não o sucesso, se não a confiança, se não a insensibilidade? Quem sou eu, se não sou a pessoa que fiz um esforço colossal por ser? Existe um eu sequer? E esse eu, quem é? A miúda aterrorizada e emocional para que fujo? Uma máscara atrás da qual não há nada? Para onde foram os meus sonhos? Para onde foram as minhas palavras? Para onde foram as minhas emoções, que não cansaç

Call all your lovelies

"Fala comigo mais uma vez. Pela última vez. Ajuda-me a enterrar-te. Diz-me tudo o que pensas e eu ganharei coragem para te dizer o que penso. E ficaremos por aí, pela última vez. Mas preciso de saber. Preciso de saber se te inventei, se inventei a pessoa que penso que és na minha cabeça. Preciso de saber se quando me dizes adeus se te custa. Preciso de saber se fui apenas mais uma ou se as outras é que o são. Não te pergunto isto porque me magoa. A verdade é que não és capaz de me magoar. Preciso de saber para saber se inventei todos os teus olhares, ou a intenção por detrás deles, e se só eu fiquei com aquela noite marcada a ferros. Portanto, fala comigo mais uma vez. Diz o que quiseres, desde que seja verdade. Diz-me como foi na tua cabeça falar comigo, e como foi ver-me todos os dias depois disso. Diz-me o que pensaste aqui e ali, e diz-me o que pensas agora. Diz-me a verdade, e acima de tudo, diz-me que me detestas. Isso será o mais fácil de engolir. Não quero ser-te indife

The ghost of days passed

"Se pensas que te odeio, enganas-te. Seria muito melhor, para mim e para ti, que te odiasse. Na verdade, creio que a ti não te faz diferença se eu te odeio ou não. Mas eu preferiria odiar-te. Mas mais do que odiar-te, preferia que me fosses indiferente. Que pensar em ti não me pusesse nem um sorriso parvo na cara, nem me desse um aperto no peito. Gostava que depois daquele fatídico momento eu pudesse fazer de conta que não existes nem nunca exististe e que principalmente não vives em alguma parte de mim. Ambos sabemos quão errado tudo isto é. Mais uma vez, parece-me que eu quero saber mais do que tu. Não me parece que ocupes muito espaço na tua mente a recriminar-te sobre seja o que for. Não és esse tipo de pessoa. Eu também não o sou, e parece que a minha falta de auto-recriminação tem chocado o mundo. Apesar de preferir esquecer-te, como se nunca tivesse olhado, e quero dizer realmente olhado, para ti, quero agradecer-te. Fizeste-me sentir nova. Sou a pessoa mais rígida do mu